Lucas Santtana Narra o Nosso Tempo
Na era da informação enlatada, parece impossível canalizar algo no meio de tanta coisa descartável. No entanto, há sempre uma luz no fim do túnel e, em 2012 ela se chama Lucas Santtana, um cantor baiano que acaba de lançar seu quinto e novo trabalho O Deus que Devasta Mas Também Cura. O álbum dialoga com o nosso tempo e transa com diferentes sonoridades, trazendo no mesmo pacote a nossa contemporaneidade e o íntimo de sua regionalidade, transformado em poesia por sua lírica, o que torna o registro uma obra a ser considerada em nosso século.
Não se enganem com a importância dada: o rótulo é o que menos importa nesse trabalho. O artista que se consolidou na cena independente parece ter vindo nesse novo trampo inquieto e disposto a provocar o caos, ao mesmo tempo em que flerta com a beleza singela – aquela que não se compra, mas a que se sente.
O Deus que Devasta Mas Também Cura
Uma característica que muitos nomes da nova música brasileira têm em comum é a forma narrativa de suas canções, e conseqüentemente dos seus álbuns, que podem funcionar como uma espécie de roteiro cinematográfico com começo, meio e fim, que subvertem as normas tradicionais da composição, contendo mais descrição do que rima. Podemos colocar nessa temática o seu novo registro, e observamos que o seu percurso inicia-se com a tragédia narrada na primeira faixa que leva o nome do disco e termina ensolarado, regado de esperança na última faixa O Paladino e seu Cavalo Altar.
Além de inserir-se em outros assuntos, principalmente no campo tecnológico, seja na letra como no próprio ritmo, podemos captar referências sobre o assunto em quase todas as canções ou, se formos além delas, enxergamos uma postura heavy user no próprio cantor, que disponibiliza em sua página do Facebook o download gratuito de seu quinto trabalho. Porém, muito mais do que descrições técnicas, o valor do álbum é a sua atmosfera, a sensibilidade do artista em ter feito uma leitura definitiva de nossa última década, no que se diz respeito aos sentimentos. Certeza que ouvintes a fora se reconheceram ao longo das dez canções do disco. Para os que querem ver o desempenho ao vivo do Lucas Santtana, a dica é comparecer no dia 30 de março, no SESC Vila Mariana, quando haverá o show da estréia do O Deus que Devasta Mas Também Cura.
É Sempre Bom se Lembrar
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