Love Fame Tragedy é Matthew Murphy (The Wombats) em versão solo
Sem essa de não poder mexer, o time que está ganhando pode fazer o que quiser: Sai jogador, entra reserva, troca o técnico ou, sei lá, inventa um outro jogo. É possível sim manter o mesmo esquema, mas há liberdade de mudar tudo do avesso.
É essa a sensação ao conversar com Matthew “Murph” Murphy sobre seu novo projeto, Love Fame Tragedy. Conhecido já há quinze anos por seu trabalho com The Wombats, o músico britânico viu que era hora de tentar algo diferente do que já havia realizado com a banda, tanto na forma de gravar e lançar, quanto na própria estética musical.
Dá para sacar um suspiro cansado ao ser questionado sobre por que investir em um projeto solo agora. Falando ao telefone com o Música Pavê, Murph brinca que “há a resposta totalmente honesta, e a menos honesta que eu vou te dar”, e explica que a dinâmica de “escolher doze músicas, passar meses no estúdio gravando, depois fazer uma longa turnê para tirar um tempinho, escolher mais músicas e repetir o processo não é a maneira com que eu quero trabalhar agora”.
“Acho também que nem é como as pessoas querem que eu lance minhas músicas”, explica ele, que apresenta na tarde de hoje, 25 de setembro, a quarta e última faixa de seu EP de estreia como Love Fame Tragedy. “Ainda sou o principal compositor em The Wombats, nosso relacionamento é muito bom. Mas chegou a hora de fazer o que eu quero, sem me preocupar com política dentro da banda, ou com o ego dos outros. Isso me empolga muito”.
Com uma carreira consolidada com o grupo, lançar algo solo é um momento muito ambíguo para o músico, um veterano que percebe-se como novato na hora de trabalhar o nome Love Fame Tragedy. “Acho que, com as músicas, com os clipes e ao montar a banda para tocar ao vivo, sinto que estou usando tudo o que aprendi ao longo dos anos, o que me dá uma certa vantagem”, conta Murph, “mas a sensação é a de começar do zero. Estou tocando em lugares pequenos, fico de olho em quantos ingressos foram vendidos”.
E há novidade também nesta dinâmica tão contemporânea de poder lançar singles e EPs, sem o compromisso de um álbum inteiro. “É como esses mercados que vendem produtos ‘da fazenda direto para sua mesa’, sabe?”, diz o músico, “é um consumo muito mais direto. Você experimenta e, se gostar, volta para comprar mais. Se não der certo, a gente tenta outro”.
Musicalmente, é fácil notar como Murph está em outro território sonoro com Love Fame Tragedy. Suas músicas são menos carregadas, um pouco mais melódicas e diretas. “Tenho muito orgulho de tudo o que já fiz com The Wombats, mas sinto que colocamos muitas camadas, acho que forçamos a barra às vezes”, comenta ele,”como artista, quero comunicar algo, mas se eu encher de coisas e depois colocar uns enfeites por cima, no fim é um grande filme e não mais aquele quadro que você pintou”.
“Isso é o que eu mais queria diferenciar de The Wombats neste projeto”, comenta Murph, “não é mais o meu gosto. O que eu quero agora é pegar o ouvinte desprevenido, como se o atacasse de surpresa, e fazer com que ele fique reflexivo, mas também bêbado, dançando enquanto pensa. O legal é fazer tudo isso ao mesmo tempo”.
Curta outras entrevistas no Música Pavê