Le Couleur Está em Fase “Lua de Mel” com seu Novo Disco

foto por gabrielle demers

Só quem atravessou 2020 sabe como todos os planos que tínhamos no começo do ano precisaram ser alterados. Alguns sofreram poucas modificações, outros viraram do avesso – isso quando não precisaram ser colocados no congelador para um outro momento. Enfim, a banda canadense Le Couleur foi uma dessas que sonhou em lançar seu terceiro álbum e sair em turnê com ele, mas viu tudo precisando se adaptar, da data de lançamento à estratégia de divulgação.

Concorde saiu em setembro, “mas já estava pronto desde outubro do ano passado”, como contou Steeven Chouinard ao Música Pavê, “ou seja, nós ainda estamos na lua de mel com o disco, mas já estamos cansados e querendo voltar para casa, sabe? (risos)”. “Já estava na hora”, comenta a vocalista Laurence Giroux-Do, “estamos muito orgulhosos desse trabalho e passamos muito tempo ansiosos para lançá-lo”. Ao invés de turnê, a banda transmitiu shows ao vivo pela Web. Sem um grande evento para o lançamento, os integrantes comemoraram o álbum no estúdio. “É uma situação estranha”, explica Steeven, “estamos felizes por poder lançá-lo, mas também tristes por não poder aproveitar melhor este momento”.

“Mas ainda é lua de mel, ainda não me cansei de escutá-lo, ele ainda é novo”, continua o baterista e produtor, “até porque é um álbum muito bom. Nós adoramos a produção e a forma que ele foi gravado – pela primeira vez, nós decidimos chamar novos músicos para tocar conosco, como um relacionamento aberto (risos), e contratamos guitarristas, percussionistas, tecladista… nos empolgou e já queremos fazer isso de novo”.

Trazer essa novidade para o estúdio deu um novo fôlego ao trio de Quebec, que já está em atividade desde 2009. Na chamada por Zoom, os músicos contam como gravaram Silhouette a partir da guitarra de um desses convidados e todo o arranjo foi reescrito ao redor de sua contribuição.

“Aprendi a ter mais confiança nos membros da minha banda e no que eu estou fazendo, conta Steeven, “o resultado foi excelente tanto na música, quanto nas relações pessoais”. “Mas é preciso ter a mente aberta”, adiciona Laurence, ao falar sobre os desafios que surgiram a partir desta nova dinâmica, “não é só a sua ideia, você tem que ouvir a todos. Não é um projeto individual, mas coletivo”.

Na nova estratégia de divulgação de Concorde, vieram as transmissões ao vivo e os vídeos retirados delas – algo nunca feito por Le Couleur antes. “Sempre quisemos lançar vídeos ao vivo, mesmo antes da pandemia”, explica Steeven, “adoramos estar no estúdio trabalhando em novas músicas, mas tocar ao vivo no estúdio é algo sempre muito divertido. Já lançamos alguns e temos outros gravados para os próximos meses”. Laurence completa: “Se não podemos fazer shows, temos que aproveitar o tempo que temos no estúdio para gerar conteúdo”.

Essa dinâmica muito particular de hoje em dia é comentada pela banda nem sempre em tom positivo. “Hoje em dia, com as redes sociais, a imagem é tudo para uma banda, é mais importante que a música”, explica a vocalista. Steeven reflete que, para ele, “como músico e como artista, isso dói. A arte não é mais o propósito, o som não é o mais importante. Você tem que ser cool. Para nossa sorte, temos Laurence (risos)”.

Mesmo com as mudanças de planos pela pandemia, ou pela demanda da maneira com que a música é consumida hoje em dia, Le Couleur está “feliz e livre”, como diz Laurence, “nós fazemos o que queremos, não abrimos mão de nada, e somos felizes assim”. Steeven explica: “Não precisamos ser ‘a banda do momento’. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo, porque você pode ficar de fora do radar de alguns, mas nos mantém autênticos. Sucesso nem sempre é vender milhões e milhões, às vezes é conseguir manter uma banda em atividade. Estamos juntos desde 2009, e ainda estarmos felizes por tocarmos juntos, sem precisar de terapia (risos), eu acho que é sucesso”. 

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