Lara Aufranc e o Emaranhado
Eu Você Um Nó. Assim, sem pontuação, com as palavras se embolando até chegar ao nó, Lara Aufranc apresentou há poucos meses seu segundo álbum solo. Um olhar livremente interpretativo a seu título revela um pouco do conceito do disco: A adição “eu” e “você” resulta no embolado e singular “nó”, ao invés do “nós” que esperávamos.
“Como está difícil a relação com o outro hoje em dia”, disse a artista ao Música Pavê por telefone, “o confuso às vezes pode resultar em algo positivo, mas nossas interações parecem hoje estar só emaranhadas mesmo”.
A paulistana conta que essa temática da obra foi percebida com o auxílio de Rômulo Fróes, que assina a direção artística de Eu Você Um Nó e a co-autoria de três das nove canções. Com um olhar relativamente de fora, ele notou como o assunto das relações contemporâneas, em tempos de conflito, estava presente entre as músicas.
A dinâmica de trabalho dos dois foi inédita para Lara: “Nunca tinha passado pelo processo de trazer músicas inacabadas para alguém”, conta ela, “e ele fala as coisas na lata, como elas precisavam estar”. A escolha de trabalhar com ele veio pela “admiração como compositor e também por sua estética. Ele tem essa coisa muito paulistana, é um desses caras que traduzem muito bem a cidade”.
São Paulo é percebida no clima pesado e cinzento do disco, com uma timbragem muito característica desta nova geração da música brasileira autoral – o que “funciona muito bem ao vivo”, como Lara comenta, “em um formato de banda mais sujo”. Essa ambientação traduz também a época que vivemos no país, e que impacta diretamente as relações humanas do título da obra. “Gravamos no ano passado, em uma época em que não sabíamos o que ia acontecer com o Brasil”, relembra a artista, “e ainda não sabemos, né? Tudo segue muito nebuloso”.
Lara Aufranc se apresenta ao vivo em três ocasiões em setembro. Nesta semana, em 10 de setembro, ela estará em Belo Horizonte no Festival O Levante para show com Sara Não Tem Nome. E no próximo 22, em São Paulo, ela tocará no Festival Pinheiros.
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