Kumpinski dialoga com o mundo à sua volta em “Cartilagem”

Não dá para esconder uma grande sensação de familiaridade logo na primeira audição de Cartilagem. Não que esse fosse o propósito do primeiro single solo de Alexandre Kumpinski, mas, sendo ele vocalista e compositor de muito do que ouvimos ao longo de uma década (ou mais) com Apanhador Só, logo reconhecemos alguns elementos dos quais tínhamos saudades em suas músicas – e o lançamento ainda é reforçado por um ou outro ineditismo que contextualiza a música em 2019.

Falando ao Música Pavê, ele conta que a faixa sintetiza muito do que ouviremos em seu primeiro álbum. “É uma música que me representa muito nesse momento”, conta Kumpinski, “a estética e o arranjo mostram aonde eu queria chegar com a música e com o disco, e a letra representa o que eu quero dizer hoje da vida e da minha história”.

Assim como fez por tanto tempo na banda, ele quer continuar “falando do que eu vejo no mundo à minha volta, na minha própria vida e no acontecimento que é um monte de ser humano junto no mesmo planeta. O disco tem bastante disso, uma reflexão dos tempos de agora”.

Para além da voz e do olhar crítico que Kumpinski traz para a música, é familiar também  – se não dentro de sua obra, naquilo que temos ouvido – alguns timbres e sonoridades encontrados na faixa. Isso porque ele conta ter se inspirado principalmente no pop contemporâneo para sua composição e produção. 

Existe no meio artístico um certo preconceito contra o pop e o mainstream, mas eu tenho ouvido coisas muito interessantes”, explica Alexandre, “ouço pra aprender, pra buscar umas sabedorias. O ‘menos é mais’ é muito difícil de alcançar, e o funk tem sido uma escola disso nos últimos anos. Tem também um pouco de axé em Cartilagem. Não um puro axé, mas o approach de arranjo com uma coisa que o funk fez ali por 2017 e 2018, de deixar só as batidas mais fortes do ritmo. É um minimalismo interessante, é a síntese sem perder a potência. Ouço pop com reverência, sempre aprendendo”.

É um pouco do que podemos esperar do álbum – que ainda não teve seu título ou data de lançamento divulgados. Ele deve agradar os fãs de Apanhador Só naturalmente, pela forma com que Alexandre trabalha, mas a intenção era que o novo trabalho “não fosse uma extensão da banda”, como ele explica: “A gente se perguntava ‘será que tá Apanhador demais?’ (risos), mas sem deixar isso atrapalhar o processo criativo. Tem mais elementos eletrônicos do que já usei antes, tem a busca por uma sonoridade nova. É meio da minha natureza artística a não estagnação”.

Curta mais de Apanhador Só no Música Pavê

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