Kelsey Lu: A Potência de uma Artista
A força e a beleza encontram lugar e morada no trabalho de Kelsey Lu. O que é esperado dessa artista transita entre a experiência, a dedicação e a excelência em entregar trabalhos cheios de qualidade e emoção.
Nascida em Charlotte, na Carolina do Norte (EUA), Kelsey Lu coloca no mundo sua maneira orgânica de fazer música. Pouco conhecida no Brasil – o top 5 de cidades que escutam a cantora no Spotify é formado por Londres, Cidade do México, Los Angeles, Paris e Nova York –, a cantora assina seu nome em um espaço de experimentação.
Em 2016, Lu lançou o EP Church, composto por seis músicas que se debruçam sobre o silêncio e o espaço. As composições são longas e comportam uma gradação sonora. Os sons vão crescendo aos poucos. Com muita calma, o violoncelo se anuncia. A voz da cantora vem sempre amena e com diversas nuances proporcionando, realmente, uma experiência estética ao seu ouvinte.
Parece haver muita calma e muito tempo em Church. Cada canção reafirma que estamos diante de uma artista completa e experimental.
Os elogios ao trabalho da norte-americana não ficam apenas no campo vocal e instrumental, Lu apresenta trabalhos audiovisuais excelentes. A sensação, diante de seus clipes, é de está vendo um curta metragem muito bem elaborado e dirigido que conta com uma atuação muito coesa e detalhista da artista.
Seu último lançamento, Shades of Blue, não só confirma o ótimo trabalho que tem feito, como apresenta as potencialidades da cantora, que é considerada um dos grandes nomes que tem surgido dentro da música negra norte-americana.
Antes de adentrarmos a canção, encontramos uma introdução. Há uma fala como uma canção antes do ato principal, antes do que esperamos ouvir. A construção desses cenários – o trabalho pesado e as imagens no mar – serão essenciais para o desenrolar da música e do clipe.
Entre tons de azul e verde, Lu se vale de efeitos especiais que ajudam a compor as nuances, as suspensões e os movimentos que vão sendo repetidos ao longo do vídeo.
O comando, que parece ser seguido por alguns elementos – como a pedra que gira sempre na mesma velocidade e sentido, assim como o corpo de Lu –, talvez diga respeito a essa certeza de ser uma peça de xadrez, guiada por um outro (“I knew I was a chess piece in your game/ moving me every which way”).
Kelsey Lu consegue passear pelos sons que produz. Sua transitividade e capacidade de inovação abrem espaço para possibilidades. Entre elas, a apreciação de um som potente.