Julie Neff quer “atravessar culturas e fazer amizades”
Faz parte da sonoridade contemporânea dialogar com o legado de décadas passadas. Isso é evidente no trabalho da canadense Julie Neff, que retorna ao Brasil nesta semana como parte da programação da SIM São Paulo (na noite Eclectic Comfort, tocando com Far From Alaska na sexta, 06). Sua música parece traçar pequenos paralelos com diversos estilos que conhecemos bem – de um indie de guitarra nervosa a um pop romântico e acústico, passando até mesmo por nuances do country – e resultam em uma personalidade própria.
Falando ao Música Pavê por email, a artista comenta que tem descoberto seu estilo pessoal ao longo dos últimos anos. “Acho que a sonoridade segue minha trajetória com pessoa”, explica ela, “as músicas refletem o estado em que estou. No meu novo EP, que lançarei no próximo ano, as músicas estão mais fortes, com um estilo mais definido que reflete o que tenho aprendido, como a impôr limites saudáveis na minha vida. Sua música cresce com você – pelo menos, é o que espero!”.
Julie comenta também que não costuma tentar definir seu estilo – “a não ser que me peçam”. Mesmo sendo influenciada por músicos e discos ao longo da vida, ela prefere “reunir um grupo de artistas para tocar minhas composições e ver o que acontece” na hora de trabalhar em suas criações. “Prefiro comunicar a dinâmica das músicas falando em emoções, ao invés de dar direções específicas para a instrumentação”, conta ela.
E por falar em projetos com outros músicos, a canadense tem realizado um intercâmbio intenso com brasileiros. Ela conheceu Scalene em Toronto, o que a levou ao festival CoMA em 2018. Lá, ela conheceu a banda Trampa, com quem se arriscou a cantar em português, e Ellefante, com quem está compondo e dividindo palco nesta viagem pelo país.
“Acho que uma perspectiva internacional nos conecta”, comenta Julie sobre os brasileiros com quem tem trabalhado, “tentamos atravessar culturas e e fazer amizades. Musicalmente, sou obcecada por vocais, então essa colaboração com Ellefante tem sido incrível. Eles cantam lindamente e temos sensibilidades parecidas na hora de compor”.
Ela conta também estar muito animada por voltar ao Brasil – “tenho sonhado com isso desde que fui embora da primeira vez, no ano passado”. Passando por SP, Brasília e Rio, Julie quer experimentar mais da música nessas cidades e sonha em um dia trabalhar com Tuyo e Xênia França.
“Viajar e conhecer gente nova é sempre inspirador, porque te tira do seu lugar comum”, explica a artista, “você ganha um olhar fresco para tudo e experimenta emoções muito diferentes a cada dia. Isso por si só já inspira, mas ouvir música nova e em outra língua cria novos caminhos no seu cérebro, te ensina novas conexões entre os sons. É um dos grandes privilégios da vida, e sou grata por isso fazer parte da minha carreira”.
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