Tocando Almas com o Silêncio
Conheci James Blake através de sua versão de Limit to Your Love. Houve um estranhamento, sou apaixonado pela original (da Feist) e quando me deparei com a sua proposta eletrônica pós-dubstep (termo feio, mas necessário) tive um certo choque. Foi uma dessas músicas que faz você parar e se perguntar “o que está acontecendo aqui?”. Percebi que se tratava de uma música “terrena” e pouco depois soube que James Blake andava fazendo apresentações em igrejas – ideal.
Indepente dos rótulos que tentam classificar a sua música, seja como eletrônica, downtempo, dubstep, pós-dubstep, dubstep sem groove e por aí segue uma lista bem grande de outros subgêneros, o que realmente caracteriza a sonoridade proposta por Blake são os silêncios, as distorções, a voz que se aproxima do soul e a capacidade de criar versos que se repetem como mantras como o “I don’t know about my dreams/ I don’t know about my dreamin anymore” tão marcante em Wilhelms Scream, ou “ I never told her where the fear comes from” em Give Me My Month, esse recurso está presente em cada faixa do disco, acompanhados por batidas que se ajustam ao ritmo do corpo.
Linisfarne
É como se Blake traduzisse na sua música a intensidade de cada pulsação, da respiração, das contrações dos músculos, sua música ecoa pelos espaços vazios preenchendo e tocando as nossas almas – como ele mesmo canta em sua versão de A Case of You, cover de Joni Mitchell.
Depois de 3 EPs lançados em 2010, James Blake apareceu em algumas listas como uma das grandes promessas da música em 2011. Aos 23 anos, o músico britânico se consolidou com o lançamento do primeiro álbum (que leva o seu nome) e de mais dois EPs nesse ano. Mas, diferentemente do que havia acontecido nos trabalhos anteriores, Blake não nos mostra as sonoridades e batidas futurísticas que explorava em The Bells Skecth, CMYK e Klarvierwerke, no disco James Blake e no EP Enough Thunder (no qual canta a sombria Fall Creek Boys Choir com Bon Iver), lançados em 2011, o músico enfatiza a voz que serve de guia para o instrumental minimalista, a voz que ecoa e reverbera é o peso que equilibra o instrumental etéreo e sombrio.
Limit To Your Love
Se nesses dois trabalhos lançados ao longo do ano Blake mergulhou na canção em sua carga emotiva e melancólica, talvez 2011 encerre esse ciclo em sua discografia. No recém-lançado Love What Happened Here, Blake retoma os experimentos já praticados em CMYK, já que nas três faixas do novo EP há um retorno ao dubstep que o havia revelado em 2010. James assume o gênero, nos oferencendo um outro olhar a esse estilo que esteve tão presente na música durante 2011.
The Wilhem Scream
A Case of You
à primeira ouvida, o álbum me soou muito difícil. guardei ele por um tempo e daí, dias atrás, fiquei apaixonado pela atmosfera que o cara cria. também conheci pelo cover da Feist (minha paixão essa mulher, tenho que dizer) e acho um trabalho fantástico, uma reinvenção da canção original. o cara é bom.