Isabela Moraes nos Relembra que “Estamos Vivos”

foto por leo aversa

Há grande intensidade em Isabela Moraes, tanto em sua arte, quanto em sua pessoa. Falando ao Música Pavê por telefone na véspera do lançamento de seu disco Estamos Vivos, a cantora pernambucana trouxe muito significado em suas verdades, da mesma forma que percebemos sua música.

“Estou eufórica, radiante e vulcânica”, ela contou ao falar sobre como se sentia à beira do lançamento (que aconteceu nesta sexta, 22 de maio). Diferente dos seus planos iniciais – e, francamente, do mundo inteiro -, Isabela viu seu trabalho chegar em meio a uma pandemia. Em seu caso, contudo, a situação global dialoga largamente (ainda que acidentalmente) com o conteúdo da obra.

Segundo a artista, o conceito de Estamos Vivos ficou “mais literal, forte e palpável”, porque “a gente está com a tensão no ar, convivendo com o medo da morte todos os dias”. Ela conta que “aprendi ao longo do tempo a valorizar muito o meu agora, como se fosse morrer a qualquer segundo. Sempre existi de uma maneira muito intensa. Nos meus shows, comecei a sugerir um brinde para as pessoas, em um momento que eu sempre falava para elas se olharem e lembrarem da existência do agora. De repente, veio uma coisa que a gente nunca imaginou na vida, uma pandemia dessas que chegou de surpresa, e tudo o que foi vivido até aqui foi muito válido, intenso, agradecido e celebrado”.

O álbum dialoga com a visão de mundo da cantora, através de seus processos internos. “Eu vinha falando, sentindo e escrevendo o mundo de uma maneira que meio que nadava contra a correnteza de tudo o que é pregado, principalmente neste mundo virtual que é maravilhoso e nos conecta, mas também tem seu outro lado muito perigoso”. explica ela, “essa pregação da perfeição e da felicidade tem adoecido tanta gente no mundo. Quanta gente tem morrido por causa desse padrão de riqueza e da aparência de um perfeccionismo estético. Eu já vinha batendo em uma tecla de você olhar para dentro de si e identificar uma estrutura interior segura para construir sua vida. Eu fiz isso, e eu escrevo para me curar. E quem ouve minha música se identifica e entende que isso o que estão falando nos adoece”.

Co-produzido por Juliano Holanda e Rafael Ramos, o disco ampara a mensagem da cantora ao trabalhar diferentes vertentes da música brasileira que compõem a tapeçaria estética de Isabela. “Sou um apanhado de coisas que cresci ouvindo. Sou Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Amelinha… e o forró que está impregnado em mim, porque Caruaru, onde cresci, tem muito forró nos rádios”, comenta a artista.

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