Ian Ramil comenta sobre a atualidade de seu “Derivacivilização” (2015)
Com um show especial em São Paulo, no SESC 24 de Maio, o músico Ian Ramil dirá adeus à turnê de seu segundo álbum, Derivacivilização (2015). Entretanto, qualquer um que ouça o disco hoje, seja pela primeira ou pela enésima vez, constatará que seu repertório permanece absolutamente atual. Sendo assim, o evento nesta sexta (9 de agosto) serve mais como um marco do fim de um capítulo na carreira do artista e menos como uma despedida de fato.
“É o virar de uma página”, explicou ele ao Música Pavê, “mas o disco vai permanecer, como foi com o primeiro (Ian, de 2014). É interessante, ele conversa com essa distopia que acompanha nossa civilização ocidental. Ele vai se manter atual por bastante tempo, eu acho”.
Quatro anos após seu lançamento, Derivacivilização fica para a história como o trabalho que rendeu ao músico seu primeiro Grammy (de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa, em 2016). Pessoalmente, ele significa também um marco importante para a carreira de Ian desde a época de sua concepção.
“Era um disco urgente pra mim na época, estava com muita vontade de colocar essas músicas para fora”, relembra ele, “estava vindo de um disco lançado no ano anterior, só que um trabalho com canções que eu vinha fazendo desde sempre. Cheguei ao primeiro álbum ainda não muito consciente de todo o processo de gravação, tudo ainda era uma grande descoberta, ele levou dois anos pra ser feito. Em meio ao processo de fazer shows, de composição e de vivência dentro desse lugar, comecei a entender melhor a relação que o público estabelecia com as coisas, e essas músicas foram brotando nesse período. Quando saiu o primeiro disco, eu já estava com todo o Derivacivilização pronto”.
“Essa urgência vinha muito do fato de ser um disco conectado com o meu olhar na época, tanto de conteúdo quanto estético, uma coisa de gravar algo mais cru, pulsante, nesse clima mais brutal, que era como eu sentia o mundo na época”.
E virar uma página significa também contemplar uma nova, e um terceiro álbum está sim a caminho. “Venho fazendo esse disco novo desde o fim do ano passado, gravando a pré-produção e compondo outras canções”, conta Ian, que explica também que a chegada de Nina, sua primeira filha, foi definitiva em seus processos. “É outro momento artístico e pessoal, uma coisa muito atrelada a outra”, comenta ele, “o artístico e o pessoal pra mim são meio inexoráveis, e [o nascimento dela] mudou totalmente a relação, começo a olhar para as coisas de um outro jeito. É bem incrível ter uma criança diariamente dentro de casa pela qual tu é responsável. Mudou meu jeito de compor, de querer gravar essas canções, de fazer os arranjos, a sonoridade – tudo mudou na cabeça”.
Sem dar muitas pistas sobre o que vem por aí, o músico conta que não será um problema combinar as novas músicas com o repertório do show, visto que seu trabalho, desde sempre, vem de lados muito diversos. “Isso é uma coisa louca que eu venho pensando, parece que é difícil me entender – tipo ‘quem é Ian Ramil?’ – porque o disco tem Coquetel Molotov e dali a três músicas tem Devagarinho. É difícil me encaixar num só tipo de música que eu faço”.
Ian Ramil no SESC 24 de Maio – último show do disco Derivacivilização
Participações: Dingo Bells e Juliana Cortes
09 de agosto, às 21h
Ingressos a 30 reais a inteira
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