Fernanda Porto, sobre “Contemporâne@”: “Me sinto muito presente”

foto por milena rosado

2002 foi o ano em que Fernanda Porto despontou na cena autoral brasileira em um diálogo da mpb com a música eletrônica, principalmente o drum and bass. Vinte anos depois, a produtora e compositora veste os trajes de intérprete no disco Contemporâne@, no qual ela gravou apenas compositores de uma nova geração no país, como Jão, Rubel, Mahmundi, Mallu Magalhães e César Lacerda, para citar alguns.

“São artistas muito apropriados da música brasileira”, contou ela ao Música Pavê, “eles têm uma relação com a música brasileira de muito respeito e muitas influências diferentes, o que eu me identifico. Por isso, cantar essas músicas foi natural para mim”.

Ao seu lado em Contemporâne@, Fernanda contou com DJ Zé Pedro na direção artística e do piano como acompanhamento nas faixas – um formato que pode surpreender quem liga seu nome imediatamente à música eletrônica. “É o instrumento que eu mais estudei na vida, tenho intimidade melódica e harmônica com ele”, conta a artista, “eu entrei na faculdade de música como pianista. Aí, depois fui para a composição e, por fim, o canto lírico. Mas eu queria era ser pianista”.

“Muitas das vezes que eu fiz show do primeiro disco (Fernanda Porto, 2002), mesmo em casa noturna, o pessoal me pedia Vilarejo Íntimo, que é uma música que eu tocava em piano e voz. Inclusive no Skol Beats, em 2002, abrindo pro Groove Armada, eu resolvi levar o piano de cauda para o show. Louca, né? (Risos)”, brinca ela.

O formato escolhido revela também a força dessas composições, que foram escolhidas a partir de muita sensibilidade. “As certezas nas decisões desse disco vieram porque eu já estava ouvindo essas músicas”, conta Fernanda, “o gostoso dele é isso, é como a canção bateu. Ele é muito diferente dos anteriores, que eu fiquei manipulando, produzindo, fazendo outras versões. Ele é quase um improviso. Se eu tocasse ele agora, já seria outro”.

Fernanda Porto faz parte de uma geração, ou um momento, da música brasileira que, em meio a tantos pastiches, sobretudo de artistas estrangeiros, teve a intenção de criar algo que fosse próprio dentro da produção cultural do país, um movimento que, hoje, já está muito mais assimilado nos movimentos musicais.

Como ela explica: “A grande coisa que aconteceu na música brasileira é que a questão do eletrônico, as influências de outros lugares do mundo, enfim, essas misturas – que são o que eu mais gosto, o buscar algo diferente e ir atrás de novidade -, tudo isso ficou natural. De uns dez ou quinze anos para cá, virou algo que todo mundo pode fazer sem preconceitos”.

Esse valor é enxergado por Fernanda também nos compositores das faixas de Contemporâne@. “Isso me dá uma sensação de presença, de fazer parte desse momento da música. Me sinto muito presente”.

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