“#Fefel2020” é Boogarins, mas não é (mas é sim)

foto por valéria pacheco

“É um lançamento da banda, mas é só meu… mas é da banda também (risos)” brinca Raphael Vaz, da banda Boogarins sobre o recém-lançado compacto #Fefel2020. Lançado para streaming e download no site do grupo (e em breve em vinil), o single traz duas faixas em versão demo compostas, interpretadas e gravadas pelo próprio Raphael – o Fefel do título.

“De vez em quando, acontece isso, alguém faz uma demo que a gente não grava, mas depois ouve de novo e gosta do jeito que ela é”, contou ele ao Música Pavê por telefone, “a gente até pensa ‘será que se a banda estragasse ficaria melhor ou pior?’ (risos). A gente sempre tem muita música pra gravar, e também faz músicas na hora. Essas duas estavam lá paradas, junto a outras que vão sair em um disco nesse ano ainda, apesar das catástrofes, que é um álbum de outtakes. Como já tinha essas duas, que eu tinha feito sozinho, a galera curtiu essa ideia e já quis fazer um 7” disso”.

A decisão de lançá-las como estão não surpreende quando você ouve Tanta Coragem e Inocência. As músicas, compostas principalmente com violão e kalimba, trazem muitas das características que sempre curtimos na banda, ainda que em um formato bastante diferente dos discos. “A gente tá na estrada desde 2013”, conta ele, “e tem um modus operandi que acaba que, por mais que todo mundo tenha influências diferentes, tem um jeito de fazer que acaba ficando bem parecido. Acho que é um jeito mais intuitivo, que usa mais loop, que dá para brincar com esses sons mais lo-fi. Por mais que cada um faça sua parte, às vezes um mais que o outro em uma música, a identidade Boogarins sempre está presente”.

É interessante notar como lançar um disco de demos, além desse compacto, tem a ver com uma inquietude criativa grande da banda – e qualquer um que tenha visto algum de seus shows sabe bem disso. “Não dá pra parar. Ser artista hoje é apresentar uma coisa nova o tempo todo, ter que rodar”, comenta Fefel, “acho que a gente às vezes passa aquele lance de artista sentado esperando a inspiração, sabe? (risos) A gente vai muito além disso. Como a gente sempre improvisou muito nos shows, a gente fica muito mais solto no estúdio. Você vai trabalhando, não é se sentar e esperar uma outra faísca de inspiração que pode nem chegar. Se eu sei mais ou menos esteticamente o que eu gosto, então eu consigo finalizar [uma música]”.

“Mas é um lance foda você se botar pra fazer mesmo. É muito fácil gravar uma demo e deixá-la guardada no computador, sem ninguém nunca saber. Nosso lance é dividir as coisas”, comenta ele, que adianta também que em breve estará com outro projeto no mundo. “Chama Carabobina, que fiz com minha namorada. Vai sair logo. A gente já recebeu as masters, mas está muito complicado planejar um lançamento agora”.

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