Faixa Etária – Spice Girls – “Spice”

O primeiro contato da nova geração com obras de um passado não tão distante: Faixa Etária é uma série do Música Pavê que documenta experiências de escuta com um álbum escolhido por pavezeiros 30+, que foram marcados por aquela obra no tempo do seu lançamento.

A cada edição, vemos o disco pelos olhos de quem o viveu e, em seguida, pelas impressões de alguém que só conhecia a banda de nome, mas agora mergulha pela primeira vez no álbum inteiro, do início ao fim.

Spice Girls – Spice

por Vítor Henrique Guimarães

Foi basicamente impossível não ser atingido pelo mega fenômeno mundial que foi o grupo Spice Girls. Spice, lançado em 1996, foi um álbum de estreia de sucesso incontestável, nas paradas de todo o mundo. Independente da idade, da classe social, do gênero, lá estavam elas tocando no rádio, na TV, estampadas em cartazes ou na capa do CD que você via nas Lojas Americanas. Ou então, logo no ano seguinte, com o lançamento do filme Spice World, que passava exaustivamente na TV fechada.

Digo isso com a autoridade de uma criança de mais ou menos cinco anos – ou seja, bastante autoridade. Lá em casa, eu fazia questão de deixar o CD rodando no repeat. Aqui em cima, não usei a palavra “exaustivamente” à toa: ele passava umas duas vezes por dia na HBO – e logo depois na HBO2, que tinha a mesma programação, mas umas duas horas atrasada. Lá no prédio onde eu morava, era quase uma guerra cultural: os vizinhos ouvindo Backstreet Boys e eu ouvindo Spice Girls. Um mundo mais simples.

Existe uma injustiça, no entanto. A maior parte das lembranças atuais em relação ao álbum das inglesas dizem respeito aos singles Wannabe (um dos maiores hits pop dos anos 1990) e Say You’ll Be There, sendo que o trabalho como um todo é bastante coeso em qualidade, ainda que colorido em propostas. E este é um dos trunfos de Spice: falam de temas como valorização da amizade, família, fama e, especialmente, prazer, sempre com abordagens bem honestas.

E talvez mais triunfante ainda seja a forma como o álbum serve, paradoxalmente, como um apanhado do que tinha de mais interessante na sonoridade pop, quanto serve como uma blueprint que seria usada no gênero nas décadas seguintes. As melódicas 2 Become 1 e Mama não destoam da sensualidade r&b de Last Time Lover, Naked e Something Kinda Funny; nem mesmo da esperteza de pop dançante de Wannabe, Who Do You Think You Are, ou da irreverência de If U Can’t Dance. É um álbum com várias direções, todas elas apontando para o divertimento. Não se pretende sério: se pretende prazeroso.

Primeiras Impressões

“Diferente do que eu esperava, o disco já começa com três músicas muito conhecidas da banda –Wannabe, Say You’ll Be There e 2 Become 1. Além disso, também me surpreendi com os temas abordados nas faixas, muito mais empoderados do que eu imaginava. O ritmo animado me ajudou a me conectar com o universo dançante e açucarado, o que me contagiou e animou para seguir com os meus afazeres do dia – definitivamente, a melhor parte da escuta” (Lorena Lindenberg)

“A experiência de escutar o álbum foi exatamente o que se esperava em termos de sonoridade e, ao mesmo tempo, diferente das minhas expectativas – positivamente. Para quem só conhecia os grandes hits, a sonoridade pop dos anos 2000 foi uma das marcas essenciais da produção, mas não pude deixar de notar e me surpreender pelas influências do r&b em músicas como Naked, por exemplo, que é – de longe – a minha favorita da banda. O álbum não foge do que eu esperava encontrar; e não precisa inventar além do que o grupo está acostumado, já que o álbum, ainda assim, entrega melodias nada enjoativas” (Rebeca Melo)

Wannabe é daquelas músicas que eu sei cantar sem nunca ter dado play de propósito. Essa ubiquidade e o conhecimento de como a banda surgiu sempre me fizeram ver Spice Girls como puro marketing. Ao ouvir Spice pela primeira vez, encontrei exatamente isso: um álbum feito para vender, mas divertido. O começo, com Wannabe e Say You’ll Be There, empolga, e 2 Become 1 tem uma nostalgia até para quem não viveu os anos 90. Algumas das faixas menos populares também têm seu charme, mas, no fim, fica a sensação de que falta um pouco de alma – e, às vezes, de voz” (Guilherme Gurgel)

Curta mais de Spice Girls e da série Faixa Etária no Música Pavê

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