Faixa a Faixa: Ventre – “Ventre”
Ventre é coisa nossa.
O Música Pavê esteve presente quando o trio carioca lançou Carnaval e fez a estreia exclusiva de Pernas meses depois, isso há dois anos, com a banda sendo uma das convidadas para o primeiro /remix. Agora, seu primeiro álbum finalmente saiu, quase que como um presente para o aniversário de cinco anos do site.
Mostrando que não é à toa nosso envolvimento com o trabalho do grupo, alguns pavezeiros comentam cada uma das músicas de seu álbum de estreia, também chamado Ventre.
1. Bailarina
“Não é à toa que Bailarina abre o disco da Ventre. A faixa é um pontapé inicial a uma experiência sonora intensa e potente que acontece ao longo de todo o álbum. A abertura foi logo com uma música que está em circulação há cerca de um ano, no YouTube da banda. Mas a presença de uma canção já conhecida não diminui em nada o impacto de ter ali o resultado de um trabalho realizado ao longo de anos, que passou por muitos estúdios e teve uma forcinha na realização de alguns dos nomes mais atuantes na cena carioca (Bruno Giorgi, Júnior Tolstoi, etc.). Curiosamente, Bailarina narra uma despedida que, vista por outro ângulo, nada mais é do que um novo começo. A música abre com tensão e intenção o começo explosivo do disco, que até a faixa seis elenca de cara algumas das melhores composições da banda. E mostra que é só o começo” (Nathália Pandeló)
2. Quente
“Quente faz jus ao seu nome. Aqui, se aplica um estilo único: é rock em sua forma pura. O peso distorcido da guitarra, a bateria com timbres mais graves e a voz arrastada dão um ar denso à música, à la Queens Of The Stone Age. Quente é, provavelmente, a faixa mais envolvente de todo o disco” (William Nunes)
3. Pernas
“Um peso dos instrumentos nos mais de quatro minutos de música, mas uma suavidade impressionante nas palavras ditas por Gabriel Ventura. O som tem sua ternura, tem seu charme, há umas pitadas clássicas do rock fluminense com a agressividade de Queen of Stone Age. Recomendo ouvir esta música mais de uma vez em dias pensativos, quando a dúvida pairar pela sua cabeça; a letra é extremamente reflexiva e traz este tom duvidoso” (Rubens Filho)
4. Mulher
“A canção soa um pouco diferente das anteriores. Começa com ritmo suave, mais calmo, e vai aumentando conforme a música toca. O build te deixa na ponta da cadeira esperando pelo que está por vir. Mulher soa como uma confissão, uma libertação, alguém colocando os pingos nos ‘is’ em uma relação. Conforme o protagonista se declara, mais forte ficam suas emoções, e consequentemente, a música se torna cada vez mais poderosa. Uma canção que realmente se destaca no álbum” (Carolina Reis)
5. Carnaval
“Quem diria que a música que ouvimos há dois anos viria com a força da primeira vez quando aparecesse no disco? Carnaval vem inebriada, arrastada em lágrimas engolidas e ‘a pressa de todas as coisas na minha cabeça’ atropelando a métrica de uma progressão que finge-ter-refrão-mas-não-tem-daí-tem-sim. Está sim permitido colocá-la entre suas favoritas de todos os tempos” (André Felipe de Medeiros)
6. Peso do Corpo
“Se pudesse descrever esta música com uma palavra seria: ‘sensual’. Várias músicas no álbum trazem esse aspecto, mas essa traz arrepios ao seu corpo e te contagia com seu rock e sexual feel. Soa como uma declaração de pura atração e talvez nem amor. A canção é cantada com um sorriso de sedução e vai te fazer querer dançar sozinho em seu quarto” (Carolina Reis)
7. De Perto
“Agressividade lasciva e efêmera. Impaciência e medo do desamparo. A canção De Perto parece concretizar aquela raiva intensa que nos acomete em momentos quando o descontrole e a tensão de um relacionamento criam uma corda bamba por onde andamos, e nem sempre é fácil se equilibrar. A dualidade entre a prazer carnal e a reconciliação impossível faz do sujeito vítima de uma situação que já não tem mais salvação, moldada pelo medo da solidão” (Matheus Pinheiro)
8. FR
“Se toda cicatriz carrega uma história, nem todas elas são coisas que gostaríamos de poder contar. Enquanto o eu-lírico da maior parte das faixas do disco parece já ter aceitado o passado, a história é outra em FR, talvez a mais melancólica de todo o disco. De dar nós no estômago” (André Felipe de Medeiros)
9. Ali
“Ali tem um aspecto bem interessante. A faixa segue a já familiar linha do álbum, porém com nuances que transitam muito bem entre as partes mais pesadas e as mais calmas (que, mesmo assim, não deixam de ser intensas). Destaque para a performance de Larissa Conforto na bateria” (William Nunes)
10. A Parte
“Não é difícil a racionalidade se passar como insensibilidade. Insensível, porém, é o olhar de quem percebe frieza, mas não percebe que toda frase traz também uma dose de pessoalidade, às vezes emotiva, por trás. ‘E de onde a porrada vier, deixa bater pra machucar, já que depois de um tempo todo fim não é tão ruim assim’ não são versos conformados, são frases experientes. E onde há dor, houve fragilidade. Se o cenário é outro hoje, permanece o fator emotivo” (André Felipe de Medeiros)
11. Aperto e um Beijo
“A música fecha muito bem o disco de estreia de Ventre. Intimista, a faixa é daquelas que possuem arranjos que privilegiam a letra e o vocal, crescendo como um todo apenas nas partes sem voz. As referências da banda a esta altura já se mostram mais diversificadas e coesas com todo o trabalho apresentado” (William Nunes)
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