Faixa a Faixa: “O Terno”

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O Terno apareceu já como uma das nossas bandas favoritas. Isso foi em 2012, ano em que lançou o disco 66 e impressionou um país inteiro com faixas divertidas e um som psicodélico irresistível.

Agora, chegou a vez de conhecermos as músicas de sua segunda obra, que leva o seu nome. O Terno traz canções mais maduras e deixa de lado um pouco do bom humor para fazer questionamentos profundos, ainda que de forma leve (na maioria das vezes).

Os pavezeiros ficaram intrigados e empolgados com o lançamento e todo mundo tinha algo a dizer. Eis nossos comentários.

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1. Bote ao Contrário

“Até parece que quer me ver sofrendo”, canta Tim em um clima quase de canção brega, para entregar me seguida: “Não faça eu querer ver você sofrer também”. É a alma que O Terno sempre mostrou, com surpresas na letra e uma liberdade de fazer graça e surpreender com o instrumental. Os teclados dão todo um charme a mais à faixa. (André Felipe de Medeiros)

2. O Cinza

Não me recordo de escutar uma música que traduza tanto a vibe de uma cidade quantoesta. Nunca esteve na cidade de São Paulo antes? Escute esta canção, o sentimento de ouvi-la é o mesmo de estar na “terra da garoa”. O início é turbulento – barulho, acordes rápidos, bateria “pauleira” – à la Avenida Paulista. Começa a voz e tudo se acalma; você se sente no Parque do Ibirapuera; perto do refrão, a agitação retoma e você está tentando atravessar alguma faixa na 9 de Julho. Contudo, a voz melosa de Tim Bernades e a suavidade das baquetas de Victor Chaves te trazem novamente para a calmaria das belas ruas do Jardim Europa. E assim, O Cinza segue, transmitindo fielmente a variação paulistana. (Rubens Filho)

3. Ai, Ai, Como eu Me Iludo

Um blues muito bem chorado, que oscila entre pianos e fortes e te ajuda a entender a entonação e todo o sentimento contido na letra. A junção dos instrumentos com uma base no orgão de igreja faz com que Ai, Ai, Como Eu Me Iludo seja um grande choramingo. (Marcel Marques)

4. Quando Estamos Todos Dormindo

A canção de letra triste canta uma história universal, da vida e da morte. A mistura de cordas, sopro e órgão dão um misterioso ar de realejo, desses onde um sábio velhinho vê a vida urbana passando à sua frente, hora acelerada, hora lentamente. Nesse arranjo, cada nota acaba trazendo uma beleza sobre esses momentos de lucidez, de quando acordamos pra vida. (Cristiano Hackl)

5. Eu Confesso

Esta é aquela música que você entoará como um hino da sua geração para seus netinhos quando puder pegar um violão. Pois é, simples e contínua, com o acompanhamento de um coro na pegada Os Mutantes, a canção vai falando sobre o ritmo da vida contemporânea, eu confesso. (Marcel Marques)

6. Brazil

Um comentário à imagem que alguns gringos tem sobre o país, um lugar dominado exclusivamente por selvas e favelas. Isso vem oscilando entre momentos mais fortes e mais calmos, uma característica de muitas das músicas do disco. Não é o momento mais interessante de O Terno, mas não deixa a desejar. (André Felipe de Medeiros)

7. Pela Metade

Às vezes (uma vez em nunca), a gente dá a sorte de descobrir que gosta de alguém que está bem do nosso lado. A gente se enche de esperanças, conta pra todo mundo, quer opinião dos amigos: se faz bem ou se não faz, se combina ou se não tem nada a ver… quando vem aquele momento em que não sobra mais ninguém para consultar exceto a uma pessoa enchendo seu coraçãozinho de alegrias e esperanças – você mesmo. Finalmente, vem a hora do digo ou não digo? Falo ou não falo? Vem o suspense, a coragem súbita e o “Sabe o que é?…To pela metade e a outra metade é você”. (Mariana Martins)

8. Vanguarda?

“Vanguarda, cadê?” – Uma brincadeira à reação de quem ouve a música feita fora dos moldes pré-estabelecidos, em um momento em que o termo “vanguardista” não comunica tanto assim e pode até ser usado pejorativamente. Para acompanhar a ideia, é claro, uma música que passeia tortamente por linhas oscilantes. (André Felipe de Medeiros)

9. Quando Eu Me Aposentar

Sobre satisfações, realizações e o passar do tempo. São coisas que passam pela nossa mente inevitavelmente, não importa a sua idade. “Quanto falta pra acabar?”, ouvimos.  O que dá sentido à sua vida?  O que você mais quer pra você? Tudo isso vem com uma das melodias mais bonitas de todo o disco em uma balada aconchegante. Adorei. (André Felipe de Medeiros)

10. Medo do Medo

O Medo Líquido para O terno. Uma canção tensa (se você não estiver de fone, por favor, providencie um) que te fala sobre o medo que temos de que o ocaso venha sozinho e a noite nos pegue desprevenidos. A música tem seu auge nos seus últimos minutos e tudo parece uma noite mal dormida no final. (Marcel Marques)

11. Eu Vou Ter Saudades

Saudade é aquela coisa que a gente pensa que só vai sentir do passado. Mas, basta amar alguém, um lugar, uma época da vida, eu sei lá, pra descobrir que saudade também dá pra prever. Você dá aquela última olhada e, mesmo que não dê mais pra ficar, nossa…que saudade dá. (Anna Rinaldi)

12. Desaparecido

Ouça com atenção, pra não deixar a melodia alegrinha de Desaparecido esconder de você sua real intenção: terminar o disco com você se afogando nas lágrimas. E isso não é algo ruim não, pelo contrário. De uma história arrebatadora, nasce uma poética para o vazio, num caso específico e quase absurdo de uma realidade da qual muita gente faz parte. Sempre estamos preenchendo um buraco. Na sorte, alguns conseguem fechá-lo.  (Cristiano Hackl)

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