Faixa a Faixa: Marina Sena – “Vício Inerente”

Não foram completados nem dois anos inteiros desde que o nome Marina Sena virou frequente no dia a dia do Música Pavê. Se 2021 começou como um ano que prometia para a cantora e compositora mineira, ele terminou com um novo sopro para a criatividade da música pop do Brasil como um todo depois dela ter combinado violões e beats, harmonias arrojadas e letras pegajosas, tudo debaixo do vocal mais carismático que ouvimos em muito tempo.

Este 2023 surgiu já na promessa de grandes novidades da cantora, principalmente após o lançamento de Tudo pra Amar Você em fevereiro. O anúncio de Vício Inerente colocou o nome Marina Sena de vez entre os grandes nomes do mainstream atualmente, com uma aproximação maior e mais intencional à sonoridade cosmopolita que toma conta da cena pop no país e no mundo.

Após muito escutar e conversar sobre o disco, parte da equipe do MP comenta o álbum faixa a faixa.

Dano Sarrada

Uma das características mais marcantes de Vício Inerente é a fluidez da obra entre os mais diversos gêneros musicais. Abrindo os trabalhos, Dano Sarrada é o passeio da artista por uma batida de trip-hop, com um refrão eletrônico marcante. A voz carregada de autotune e a batida lenta e sensual ainda carregam resquícios do som do De Primeira, agora sob uma camada bem mais urbana e experimental. (Guilherme Gurgel)

Olho no Gato

É sempre interessante quando uma música baixa a guarda para nos introduzir seu refrão, que, via de regra, costuma ser seu momento mais explosivo. No jogo de sedução que Marina faz com o ouvinte ao longo de todo o álbum, Olho no Gato se utiliza desse recurso para ganhar nossa atenção com a melodia carismática que, por si só, já fala bastante alto. Não à toa, é o segundo clipe que o disco recebeu. (André Felipe de Medeiros)

Tudo pra Amar Você

Talvez sua escolha como single antes do disco ser devidamente anunciado seja por algumas cores, aromas e sabores na faixa evocarem o que De Primeira nos ofereceu. O vocal de Marina transita entre uma influência trapeira e o pop melódico que ela já entregou antes. Dentro do repertório do álbum, ela continua oferecendo ares acalorados em meio às canções noturnas que marcam o inídio do disco. (André Felipe de Medeiros)

Tudo Seu

Seguindo a popzeira forte das primeiras canções, Tudo Seu inicia com uma guitarra latina dançante, algo similar ao reggaeton de Rosalía. A letra é um desafio entre uma pessoa que quer apenas jogar e uma que quer algo mais sério. Marina Sena mencionou recentemente que é a sua faixa favorita. Arrisco dizer que a música funcionaria bem em espanhol – quem sabe surja uma versão em breve. (Lili Buarque)

Mande um Sinal

A quinta faixa de Vício Inerente reproduz a sensualidade que Marina Sena costuma trazer em sua discografia e até mesmo em toda a identidade da sua carreira. Com a melodia sustentada na levada do R&B, Mande um Sinal é uma canção interessante que, com a letra, parece reafirmar a ideia de um eu-lírico extremamente sedutor: “Me ignorar é fácil. Quero ver me olhar e não me querer”. É uma das músicas mais excêntricas do segundo disco da cantora. (Isabela Guiduci)

Me Ganhar

Pra encerrar a primeira metade de Vício Inerente, Me Ganhar soma à sensualidade do álbum, capitalizando na autoestima de uma artista que a tem de sobra. Entre convite e desafio, a letra dessa canção combina com a provocante batida – mais um acerto de Iuri Rio Branco nessa produção. Ecoando ritmos latinos, ela abre caminho para a melhor dobradinha do álbum, com a igualmente dançante Que Tal. (Nathália Pandeló Corrêa)

Que Tal

Talvez o primeiro momento na audição que dê frio na barriga nos fãs de De Primeira, a música com participação de Fleezus é outra que se destaca dentre as cores frias e ambientações noturnas do disco, com seu aspecto crepuscular e veraneio que acompanha a escolha estética do autotune carregado nos vocais de Marina. (André Felipe de Medeiros)

Meu Paraíso Sou Eu

Com apenas dois minutos de música, a faixa traduz bem o momento da cantora. Dona de si, sabe o que quer, uma mulher que entende que é suficiente para si mesma. A música tem um toque sensual, é uma espécie de soft pop e a linha melódica da voz até lembra um pouco o sucesso Ombrim, de seu Rosa Neon. (Lili Buarque)

Partiu Capoeira

Com um bom refrão, a nona faixa aposta numa mistura interessante entre a sonoridade inspirada no Brime – característica que aparece no álbum todo – com elementos da música latina. Ela dialoga com o trabalho anterior de Marina, especialmente por ter um vocal com menos efeitos (em comparação aos demais) e por trazer um pouco mais de gingado na sua percussão. Vale também o destaque para uma citação ao Tom Zé (Menina, Amanhã De Manhã) nos versos iniciais.  (Nuno Nunes)

Mais de Mil

Ouvi Mais de Mil pela primeira vez no ônibus, tarde da noite, depois de um dia cansativo e ela foi capaz de me fazer balançar o corpo com as batidas do funk e a letra picante – e eu não aguento funk e temas picantes. Além disso, a narradora se coloca no topo, com beleza admirada e no auge do poder sensual, escolhendo o interlocutor como alguém que será escolhido se “pegar direito”, e aí a imaginação aflora. (Rafaela Valverde)

Sonho Bom

Com uma pegada mais pop e dançante (lembrei de um reggaeton e dancei ainda no ônibus) Marina caprichou na sensualidade também com Sonho Bom. Uma narrativa que quase me remeteu a um conto erótico (dos bons), mas com o jeitinho próprio da artista mineira. Como penúltima canção do álbum, é quase uma conclusão do Vício Inerente que nos foi apresentado e que ainda estamos entendendo aos pouquinhos e de forma caliente. (Rafaela Valverde)

Pra Ficar Comigo

Nada como encerrar um disco em grande estilo, e Pra Ficar Comigo é um ponto final excelente para a proposta dançante de Vício Inerente. A faixa pop, que faz um aceno a elementos sonoros do dance pop e do latin pop, embala o ouvinte com seus beats pulsantes enquanto Marina canta: “Quero me orgulhar de tudo o que eu deixei pro tempo. Quero só gostar do tempo que eu passo comigo”. Com muito vigor, a cantora finaliza o segundo álbum deixando uma mensagem significativa sobre amor-próprio. (Isabela Guiduci)

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