Faixa a Faixa: Liniker e os Caramelows – “Goela Abaixo”

O segundo álbum costuma ser um marco da maturidade e da identidade de uma banda, já que revela seu desenvolvimento desde o trabalho de estreia e firma ainda mais as características que já conhecíamos. É o caso de Goela Abaixo, o mais recente disco da banda Liniker e os Caramelows.

Diante de tantas cores, suíngues e heranças rítmicas trabalhadas no registro, que conta ainda com participação de Mahmundi, a equipe Música Pavê comentou o lançamento Faixa a Faixa.

Brechoque

A voz grandiosa de Liniker é a primeira coisa que ouvimos ao colocar o disco para tocar. Não poderia ser diferente. Ela vem carregada de personalidade, sentimentos e força. É a demonstração certeira de que pela frente vem mais uma punhalada de músicas que representam muito bem o momento vivido pela artista. (William Nunes)

Lava

Em contraste com o vazio da introdução do álbum, aqui não há economia. Os refrões pulsantes e dramáticos são um “pé na porta”, abrindo caminho para estruturas instrumentais catárticas, ápices de uma produção grandiosa e cristalina. O arranjo é repleto de ótimas linhas de sopro e elementos percussivos marcantes. Nos momentos menos ostensivos, essencialmente nas estrofes, a associação com o reggae e as nuances vocais ficam mais evidentes, contribuindo com a dinâmica da faixa. (João Barreira)

Beau

Escutar Beau me remeteu aos bons tempos de Amy Winehouse, para citar uma artista contemporânea. O groove do R&B misturado com os metais nos envolve de uma maneira muito natural, sendo impossível não sentir vontade de dançar ao som desta faixa. A letra brinca misturando versos em inglês e português, enquanto relaciona sentimentos e astrologia de uma maneira divertida, terminando com um final catártico. (William Nunes).

De Ontem

Liniker é uma das cantoras que conseguem inundar a nossa alma, cobri-la de amor, paixão, história, tesão, sossego e paz de saber que o porteiro sinaliza intimidade, indicando no gesto a certeza de não sermos visita, causando em nós rubros sinais de sossego que explodem nos dedos “a cada sete que aperto de perto”. Sobe o elevador e o encontro paralisa o tempo, memórias fotográficas que não pesam, feito único preenchido pelos Caramelows, em uma sonoridade para fechar os olhos e ter saudades do que não viveu. (Rômulo Mendes)

Boca

Com cara de baladona romântica, Boca acumula camadas vocais e timbres que ameaçam explodir e fazem a faixa crescer em andamento e progressão. Daquelas seduções que começam leves e logo te agarram com tudo. É um convite feito aos poucos para um envolvimento que, ao final da faixa, é pleno. (André Felipe de Medeiros)

Bem Bom

Ao trazer Mahmundi para dentro da canção, a banda mostra como a generosidade também é uma de suas virtudes. Além de assinar a produção ao lado de Barone, Marcela Vale parece empregar sua assinatura na abertura da faixa (as guitarras e percussões denuncia seu aspecto solar). Liniker e os Caramelows diz de um tempo bom ao lado de uma pessoa amada e para isso, trabalha ao lado de uma outra grande potência da música brasileira. Tamanha gentileza é uma graça para nossos ouvidos. (Letícia Miranda)

Calmô

Aquela faixa que já conhecíamos do clipe agora recebe seu novo lar em meio ao repertório de Goela Abaixo. Ao redor de suas companheiras de disco, ela brilha para além da familiaridade com que ouvimos, mas também como um momento mais contemplativo para o vocal e a letra descritiva. De fato, acalma. (André Felipe de Medeiros)

Textão

“Até charutos precisam de tempo pra queimar” – enquanto Freud sorri no túmulo, a voz declama o poema sozinha, na companhia da musicalidade dos versos. O som passeia de uma orelha à outra e a faixa curtinha ganha movimento, ao passo que o álbum respira um novo fôlego para iniciar seu último ato. (André Felipe de Medeiros)

Claridades

Feche a porta, coloque o trinco, selecione a canção, aperte o play, deite no chão ao lado uma taça de vinho, escute o piano emergindo. Liniker canta o rompimento, a luz ecoando sob o passado. Pessoas vão sempre, então cuide do seu coração. Eduque, amar é para se corrigir. É nessa hora que a gente agradece pela densidade da canção, por fazer desse agora uma reflexão. (Rômulo Mendes)

Amarela Paixão

Começa com diálogos singelos de violão, guitarra e piano, que desaceleram com a chegada da voz. A sensualidade típica das composições da artista aparece aqui de forma mais sutil, traduzida também pela delicadeza e doçura muito bem-vindas da interpretação vocal. A música cresce comandada pelo piano e voz e floresce até atingir seu clímax num solo de guitarra com clima setentista. Saturada de flautas e vocais radiantes, a música, que é uma das mais sensíveis do álbum, desmancha até silenciar. (João Barreira)

Intimidade

Essa faixa é um lindo duo entre Liniker e Fernando TRZ (no piano). Como entrar em um quarto conhecido e aconchegante, a voz da cantora é colocada de forma íntima e forte, dando intensidade à canção. Liniker imunda os ouvidos com seu canto, desenha um espaço pessoal e irradiante. Seja em Berlim ou em Belém, esse calor é uma aparição de carinho. (Letícia Miranda)

Gota

Crua e sofisticada ao mesmo tempo, Gota é daquelas músicas em que o artista se expõe sem medo. Liniker confessa todo o seu amor nessa letra, que de tão simples parece ter sido tirada de seu próprio diário. Não entenda simples de maneira errada: aqui, o sentimento exposto é de delicadeza e de uma riqueza enorme. Um dos pontos altos do disco. (William Nunes)

Goela

“Eu tô completamente apaixonada” é uma frase dita entre a confissão e o deleite, abrindo a apoteose grandiosa do disco, resumindo também muito de seu conteúdo – “ela quer carinho”. É forte e suave, é verdadeira. (André Felipe de Medeiros)

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