Faixa a faixa: “Cavalo”, de Rodrigo Amarante
Parece até brincadeira pensar que Cavalo é o primeiro álbum solo de Rodrigo Amarante, já que ele é um nome tão presente em nossa música há já quase 15 anos. Após seu trabalho com Los Hermanos, Orquestra Imperial e Little Joy, ele mostra ao mundo um trabalho introspectivo e melancólico, surpreendentemente belo.
Já esperávamos um disco de alta qualidade do músico, mas ele conseguiu nos surpreender. Por isso, alguns pavezeiros se reuniram para contar o que faz de Cavalo um registro tão bom com comentários faixa a faixa. Aproveite!
##1. Nada em Vão
O pulo que nos fará mergulhar no universo de Rodrigo Amarante, Nada em Vão traz aquela mensagem de “respire fundo e fique calmo”, os metais que aparecem algumas vezes durante a música mostram que algumas coisas inesperadas estão por vir, mas a voz suave de Amarante avisa que tudo será manso. Em suma, ao final da canção, só resta a ansiedade de ouvir as próximas faixas. (Marcel Marques)
##2. Hourglass
É uma das músicas mais ensolaradas do disco, poderia facilmente integrar o repertório do Little Joy ou ser confundida com uma canção do The Strokes – e por que não? Amarante intercala alegria e tristeza no registro, forma que o seu canto arrastado materializa muito bem. Numa letra que discorre sobre o tempo, encontramos na faixa um fragmento da carreira do cantor. Hourglass também vai ser uma boa pedida para dançar na pista ou até mesmo sozinho. (Rômulo Mendes)
##3. Mon Nom
Um francês macarrônico invade o disco e estabelece um ar estrangeiro que envolve as palavras. Mon nom é a tradução de uma busca pela identidade. De onde eu vim? Saí do meio das abobrinhas e meu nome era o nome de meu pai. A melodia parece uma caminhada – adentra a superfície das explicações e caminha para a identidade que não pode ser explicada em palavras. (Mariana Martins)
##4. Irene
As moças vão cantar a seus filhos Irene como canção de ninar. Vai ser “João e Maria” dos tempos futuros. A gente nem sabe por que se perde sonhando numa nuvem distante ouvindo essa música mas, quando percebe o perder-se, já não existe rastro para fazer o caminho de volta. E só entende o tanto de tristeza e dor que há na letra quando finalmente se desprende e ouve com atenção. Se a gente se deixa levar, uma melancolia toma conta de nós e nos vemos completamente embebidos um sentimento doce de sono. (Mariana Martins)
##5. Maná
Quando se trata de amor, o fim é sempre recomeço. Quando se dá ou se recebe um sentimento ‘incompleto’, o fim é fênix. É você de volta, renascido, aprendendo de novo a andar. (Anna Rinaldi)
##6. Fall Asleep
Assim como o sono, a faixa começa leve e ganha peso, consistência, aos poucos ao longo de sua extensão. O piano saudoso e o vocal arrastado deixam tudo com um acalanto nostálgico, como se fosse uma música de ninar tirada da memória, da saudade. (André Felipe de Medeiros)
##7. The Ribbon
Pra mim, uma das músicas mais simbólicas do álbum. Ela não chama a atenção de primeira, pois se esconde por trás da felicidade de Maná e da tristeza fúnebre de Fall Asleep. A música ganha muita força quando o álbum começa a ser melhor explorado. Quando ouvido, com sabedoria é difícil escolher qual a música mais perfeita do álbum Cavalo. (Guilherme Canedo)
##8. O Cometa
Uma música bem arranjada que fala de amizade, admiração e respeito por uma pessoa. A história dessa música é bem bonita, principalmente quando entendemos o que ela significa. O Cometa é uma homenagem a Ericson Pires, amigo de Rodrigo Amarante, que faleceu no ano passado. A música foi tocada pela primeira vez no Circo Voador, Rio de janeiro, em uma homenagem que celebrava a vida do seu amigo. (Guilherme Canedo)
##9. Cavalo
A faixa que representa melhor o álbum. Depois de ouvir o piano forte, a voz melancólica de Rodrigo e o interrompimento firme de outra voz, entendemos facilmente o porquê dela dar o nome ao CD. Ela é extremamente curta, mas deixa um marco. Desperta sentimentos diferentes todas vez que eu a ouço. Com certeza, uma das músicas mais fortes do álbum. (Carolina Reis)
##10. I’m Ready
O fim começa no início. Assim que algo nasce, já começa a morrer. Seja um acontecimento na vida ou uma fase que parece não passar, nada é para sempre. Reconhecer a efemeridade é o passo definitivo para aproveitar ao máximo as coisas boas e suportar com firmeza aquilo que, por pior que seja, um dia acaba. (André Felipe de Medeiros)
##11. Tardei
Hora de fechar o ciclo. A faixa que fecha o álbum é calma e relaxante e não traz muitas surpresas. Com muita sutileza, Amarante acompanhado de um violão e alguns backing vocals canta sobre despedida e ao mesmo tempo se pergunta “O meu lugar, onde está?”. Tardei nos tira da água, traz uma toalha e nos traz novamente à realidade. (Marcel Marques)
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