Faixa a Faixa: Beyoncé – “Renaissance”

Seis anos separam Lemonade de Renaissance, e Beyoncé soube entregar uma obra que chegasse à altura de um álbum original que instantaneamente seria o mais ouvido do mundo em seu lançamento (ou desta época, no geral).

Faixas que emendam umas nas outras, samples muito bem escolhidos e uma bela ausência de hits óbvios marcam o disco. Acima de tudo, a experiência de audição é marcada pelo “selo Beyoncé de qualidade” e, mais uma vez, a artista prova ser o suprassumo do que o mainstream pode nos oferecer hoje em dia.

Em vista desse verdadeiro marco, parte da equipe Música Pavê comentou Renaissance faixa a faixa.

I’m That Girl

“Eu não queria esse poder” – o disco começa com a artista em um momento de vulnerabilidade, contando sobre si na primeira pessoa e declarando que “o amor é minha fraqueza”. Ou seja, Beyoncé inicia a obra desmascarando sua persona, ou deixando claro que aquela imagem tão potente que ela construiu esconde sua verdadeira essência. Para acompanhá-la, uma base tensa de hip hop encontra uma batida caribenha dançante, e tudo isso junto dita muito do clima do álbum até seu fim. (André Felipe de Medeiros)

Cozy

Para aqueles que imaginam como é ser Beyoncé, ela tem a resposta: É “aconchegante”. A segunda faixa soa quase como um convite para dançar, e é uma dança com tempero familiar, já que a percussão explora um padrão rítmico muito usado na música latina.  Destaque para a transição que liga para próxima música. Não que existisse alguma dúvida, mas vale reforçar: Essa sabe o que está fazendo. (Nuno Nunes)

Alien Superstar

Em minha opinião, esse é o hit do álbum. A faixa tem o uma interpolação com a clássica I’m too Sexy (Right Said Fred), um sample de Moonraker (Foremost Poets) e um refrão elegantérrimo com as frases “I’m too classy for this world”, “I’m too classy to be touched” e “I’m unique”. Tem Beyoncé de rapper, que eu particularmente adoro, tem os backing vocals de praxe (e essenciais) e tem uma cama de cordas muito delicada, que contrasta com o dance pulsante da faixa. Uma lindeza. (Lili Buarque)

Cuff It

Em um álbum que é uma ode às várias vertentes da black music, Cuff It é a principal referência ao funk. A música é rítmica, dançante e faz a gente começar a automaticamente estalar os dedos acompanhando a batida. A percussão marcante é muito bem acompanhada da guitarra de Nile Rodgers. A letra é um prelúdio do que a noite promete, criando a trilha sonora ideal para animar na hora de se arrumar para o rolê. (Guilherme Gurgel)

Energy

A música começou com polêmicas, contendo originalmente uma interpolação de Milkshake da cantora Kelis, mas que, particularmente, não deixou buraco nessa nova versão. Os momentos melódicos e fluidos que contrastam com a virada para momentos nos quais a batida é bem marcada e forte, conversam muito bem e trazem uma versatilidade para o som, algo muito presente no álbum. Uma batidinha chique, para elevar a energia de todo mundo. (Lau Fogaça)

Break My Soul

Você tem a sensação de já ter essa ouvido antes, daí percebe que está diante de algo bastante original e se encanta com a simplicidade do refrão, que convida o ouvinte a cantar junto desde a primeira audição. De mensagem empoderada e positiva, é uma daquelas músicas que justificam o título de “hino”. (André Felipe de Medeiros)

Church Girl

“Ela não quer magoar ninguém/Ela está fazendo seu melhor” – do gospel ao hip hop contemporâneo e refinado, esta canção é uma das que melhor exemplificam Renaissance em sua essência: Há sempre muito acontecendo (em samples, em ritmos, em mudanças no meio da faixa), mas tudo sob medida, sem falta nem exagero. E tem Beyoncé investigando mais uma vez seu passado e sua identidade, de acordo com a temática do disco. (André Felipe de Medeiros)

Plastic Off the Sofa

Música que tranquilamente tocaria nos primeiros episódios de Insecure enquanto Issa e Lawrence se pegam naquele sofazinho maroto. E um dos motivos é a participação de Patrick Paige II, também conhecido como baixista do grupo The Internet e responsável por alguns grooves inesquecíveis da banda na última década. A grande sacada é essa: é uma música que te leva a lugares com a mente – é tempero, é pra curtir agarradinho. Tudo de bom. (Vítor Henrique Guimarães)

Virgo’s Groove

A música pop contemporânea tem usado e abusado dos graves dançantes, o bom e velho groove (alô, Dua Lipa). Sendo assim, nada melhor do que a rainha que construiu boa parte do que conhecemos hoje como pop para mostrar como se faz. E a pergunta que não quer calar: É coincidência o groove virginiano (sexto signo do zodíaco) ter um gostinho de sexta-feira? Acho que não. (Nuno Nunes)

Move

Talvez essa seja uma música que precisou ficar de fora de The Lion King: The Gift – disco que a cantora lançou junto ao filme da Disney em 2019 -, ou se ela nasceu das experiências da artista com aquele mergulho em sonoridades africanas e contemporâneas. Seja qual for o caso, é uma das faixas que melhor combinam a potência e a suavidade de seu vocal de um verso ao outro. (André Felipe de Medeiros)

Heated

Com menções a Tio Johnny, primo de sua mãe que participou de sua criação e que a introduziu à house music, Beyoncé apresenta uma das faixas do disco que mais dialogam com o ritmo percussivo do afropop contemporâneo, ao mesmo tempo em que também aponta para a música caribenha (um certo sotaque jamaicano no fim da música, um pouco de dancehall e às vezes até parece que ela tá mandando aquele abraço para Rihanna). (Vítor Henrique Guimarães)

Thique

Essa é a faixa em que Beyoncé deixa claro que é “grandona sem medo”. O trocadilho entre as partes do seu corpo e a sua fortuna dá o tom de uma das músicas mais sexuais do álbum. A produção da faixa começa lenta, mas, sem nenhuma mudança brusca, aos poucos, tudo acelera e se intensifica. Enquanto fala sobre excessos, a música é sutil e até um pouco sombria. É uma respiração ofegante de quem está experimentando algo intenso, mas definitivamente prazeroso. (Guilherme Gurgel)

All Up in Your Mind

Um “não-hit” de primeira, a faixa abusa da métrica e interpretação mergulhadas na música pop logo em seus primeiros versos, mas se permite percorrer momentos muito menos previsíveis. Com uma tensão crescente entre seus muitos detalhes, é uma das faixas mais intensas de Renaissance, mas melhor apreciada com fones de ouvido. (André Felipe de Medeiros)

America Has a Problem

Pelo nome, a gente que vai ser uma coisa, mas a letra traz algo completamente diferente: Beyoncé nos traz outras questões da sua América particular, podemos dizer assim. É uma das músicas que não têm um gênero muito bem definido, pela mistura que se nota do hip hop anos 90 com bastante harmonias também, mas que, em certos momentos, poderia muito bem ser um hyperpop, finalizando meio dark com os sintetizadores. (Lau Fogaça)

Pure/Honey

Essa música, a penúltima do álbum, é uma das mais interessantes da seleção. Como o nome sugere, ela parece (ou é) a junção de duas músicas distintas, começando por um R&B classudo e encerrando com um pop/dance super atual, em uma transição perfeita. Aliás, ouvindo todas as músicas do disco em sequência, percebe-se que todas são interligadas, ou seja, não tem pausa entre as faixas. Outro ponto que chama atenção em Pure/Honey é a voz mais grave de Beyoncé na primeira parte da canção, exceção no seu trabalho, que se transforma no agudo potente que conhecemos nos últimos minutos da faixa. (Lili Buarque)

Summer Renaissance

Em clima de “final feliz”, o disco termina com sua faixa-título, com a bênção de Donna Summer para o “renascimento” da artista – e é “so good, so good, so good, so good, so good”. Até por ser a última, talvez seja a música mais marcante na experiência de ouvir o álbum inteiro na sequência, e comprova de uma vez por todas a maestria de Beyoncé em entregar ao público algo capaz de marcar não só o ouvinte, mas toda uma geração. (André Felipe de Medeiros)

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