Especial 2021: Os Discos que Marcaram o Ano

Enquanto uns insistem que não se ouve mais álbuns completos hoje em dia, o ano viu várias obras argumentarem a favor das compilações em longo formato. Alguns foram por um conceito melhor aproveitado com mais tempo, outros foram por uma narrativa bem explorada e outros têm mais a ver com uma boa oferta de músicas mesmo – são muitos os motivos que fizeram com que alguns discos não saíssem de nossos ouvidos nos últimos meses.

A equipe Música Pavê selecionou, votou e comentou aqueles álbuns que marcaram o ano com a qualidade de produção, o impacto de seus lançamentos e, é claro, os tantos replays que aconteceram por aqui. Pode ser que o público em geral ouça menos discos do que antes, mas eles estão cada vez melhores.

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Juçara Marçal – Delta Estácio Blues

A ideia de amefricanidade trabalhada por Lélia Gonzales fala sobre estratégias e tecnologias de existência e resistência negra numa terra onde pretos estão sempre em travessia num ambiente hostil, em busca de algo que nunca parece próprio. Em seu novo disco, a caxiense atualiza isso com experimentações quebradas, lógicas musicais desafiadoras e uma poética que, mesmo se deslocando, encontra um lar. (Vítor Henrique Guimarães)

St. Vincent – Daddy’s Home

O ano de 2021 foi tão intenso – não só este, sabemos muito bem – que em muitos momentos esquecemos de coisas simples, como, por exemplo, respirar. Daddy’s Home, sétimo disco da norte-americana St. Vicent, é um convite para desacelerar um pouco o ritmo e deixá-lo mais cadenciado. Consequentemente, mais sensível. É um disco que remete a uma sonoridade setentista, sim, mas que mostra toda versatilidade de St. Vicent enquanto instrumentista, cantora, compositora e produtora. Sem qualquer comparação, mas uma artista tão camaleoa quanto David Bowie. (William Nunes)

Arlo Parks – Collapsed in Sunbeams

Collapsed In Sunbeams é um álbum sobre corações partidos, solidão e romances complicados. Mas, mesmo com a melancolia que permeia o disco, a poesia de Arlo Parks resulta em música que abraça, acolhe e dá um quentinho no coração. A compositora toca nos nós das relações humanas e os desembaraça com delicadeza. Depois de ouvir o álbum, não podemos deixar de nos perguntar, como ela faz na faixa Too Good: “Por que fazemos as coisas mais simples serem tão difíceis?”. (Guilherme Gurgel)

Duda Beat – Te Amo Lá Fora

Após o sucesso do Sinto Muito (2018), havia muita expectativa sobre o que Duda Beat faria a seguir. Em Te Amo Lá Fora, a sofrência permanece na aura e nas composições da cantora pernambucana, mas desta vez de um ângulo mais amadurecido. Isso é combinado a uma nova roupagem instrumental, que a aproxima do pop eletrônico. O álbum é um prato cheio para quem gosta de música triste que dá para dançar. (Thaís Ferreira)

Tuyo – Chegamos Sozinhos em Casa

Tuyo lançou dois Chegamos Sozinhos em Casa primeiro em volumes 1 e 2 – já mais do que suficientes para seguirmos bem acompanhados ao longo do ano. Porém, não satisfeitos em já ter ganhado o jogo de goleada, eis que surge a versão Deluxe, um material especial reunindo a síntese dos dois álbuns, que reúnem Lucas Silveira, Luccas Carlos, Jaloo, Drik Barbosa, Lenine, RDD, Shuna e Jonathan Ferr, além de convidar agora o rapper Kamau e incluir a bela Abismo. (Rômulo Mendes)

Marina Sena – De Primeira

Tropical, popular e esbanjando personalidade, a música da cantora mineira era tudo o que queríamos ouvir e ou não sabíamos, ou não víamos a hora para algo como De Primeira ser lançado. Suas dez músicas trazem harmonias e produção arrojadas e fora do óbvio, sem nunca perder aquela característica de algo que você não quer parar de ouvir. Dos sorrisos largos que Tamborim causa ao convite à dança em Cabelo, Marina é por excelência o que o pop brasileiro precisa. (André Felipe de Medeiros)

Caetano Veloso – Meu Coco

Cantar com/para os amigos, cantar junto, em citação. Caetano tece uma rede de encontros e passeia por esse espaço. Atento, presente e atual. Meu Coco é um dos desenhos possíveis do nosso Brasil de 2021. Entramos nesse ambiente sonoro pelo afeto. Depois de dez anos sem lançar um álbum de inéditas, Caetano nos recebe – com ele partilhamos a complexidade de ser brasileiro(a)(e). (Letícia Miranda)

Menção honrosa: Don L – Roteiro Para Aïnouz (Vol. 2)

Lançado já aos 45 do segundo tempo, RPAV2 dá continuidade ao que o rapper cearense promove enquanto discurso e também estética. Don reuniu amigos e referências para uma obra que aponta para reconstruções possíveis para um Brasil estilhaçado, em um álbum minucioso, carismático e incrivelmente necessário. (André Felipe de Medeiros)

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