Entrevista: The Outs
The Outs é daquelas bandas legais demais que estão entre várias outras tupiniquins fazendo muita coisa boa na Internet e nos palcos afora. Os meninos são do Rio de Janeiro, terra que não revela constantemente bandas de rock, como Brasília e até mesmo o Rio Grande do Sul, e já estão causando burburinhos pelos principais palcos do Sudeste, abrindo shows de bandas em acensão mundial, como Temples e Phantogram. A sonoridade é bem inglesa – e daquelas dos anos 90, quando a Inglaterra deu um tapa na cara da sociedade, com um rock garagem, de moleque, lançando Oasis, Blur, Kula Shaker e por aí vai.
Chega de falar, vamos dar voz aos meninos. Veja abaixo a entrevista feita com o Dennis Guedes, guitarrista do grupo fluminense.
Música Pavê: Como The Outs surgiu?
Dennis Guedes, The Outs: Surgiu comigo e o Tiago, que é meu primo. Em reuniões familiares, acabamos pegando o hábito de tocar juntos, desde bem novos. The Outs sempre foi como chamamos essa nossa parceria, que inicialmente não era tão focada na música autoral. A sensação sempre foi de que nossos amigos ouviam coisas muito diferentes de nós, e que nós estávamos “fora” de uma linha comum. Além disso, optamos por cantar em inglês, o que acabou nos deixando mais “outs” ainda! Em 2009, começamos a perceber que parte da nossa satisfação na música também estava em compor. Quando conhecemos o Vinícius e o Gabriel, fechamos o quebra-cabeças. Os dois se encaixaram no grupo rapidamente e assim conseguimos construir todo o conceito que temos hoje.
MP: Vejo muita semelhança no som de vocês com os anos 90 da Inglaterra (Oasis, Stone Roses, Charlatans). A ideia é essa mesmo? Já surgiram críticas em relação a isso?
The Outs: Toda banda começa com suas influências e referências, aqueles sons que a fizeram ter o ímpeto de começar a produzir suas próprias músicas, a partir de toda infinidade de coisas que ouvem. A Inglaterra dos anos 90 revelou ótimas bandas, como The Verve, Kula Shaker, Happy Mondays… Tudo isso faz parte das nossas influências. Mas também é fácil citar algumas referências claras atuais, como o Tame Impala, Mac DeMarco, Kasabian, Unknown Mortral Orchestra. Pra mim, cada banda expressa sua música e sua arte da maneira que ela se sente mais confortável e sincera, sem se prender a nada. Como já disse, é um ímpeto. Críticas surgem por todos os motivos possíveis, mas acho que quando se tem verdade no que está sendo feito, tudo acaba se provando e justificando com o tempo.
MP: No Brasil há uma relação de amor e ódio com quem compõe em inglês. Como vocês enxergam isso?
The Outs: Infelizmente acontece. É uma pena, porque do nosso ponto de vista não é a língua que define o que é “música brasileira”. É tudo música produzida no Brasil, de qualquer forma. Se a intenção é se comunicar globalmente, não vejo qual seria o problema. Enquanto isso, vários festivais e artistas gringos passam pelo Brasil com shows lotados, e o problema é sempre com “a banda brasileira que canta em inglês”? Meio controverso… Em outros países, é bem comum encontrar artistas que cantam em inglês e não na língua nativa. De qualquer forma, não temos problema com o português. Temos explorado cada vez mais compor na nossa língua e muito em breve todos poderão ouvir essa continuação do nosso trabalho. Tem sido um desafio bastante revelador até mesmo pra nós.
MP: Há meses, vocês estão fazendo shows em lugares importantes, abrindo apresentações de gente importante. Qual é o feedback de gente graúda que vocês já tocaram?
The Outs: Tem sido muito bom! Sempre acabamos aprendendo muito. Convivemos praticamente um dia inteiro ao lado dos caras do Temples, banda que ficamos muito fãs em 2014 e tivemos a honra de abrir o primeiro show no Brasil recentemente. Só essa convivência já acaba ensinando muito, você vê como as coisas funcionam no ritmo gringo. Eles nos deram bastante feedback, elogiando nossa dinâmica de show, vocais, melodias… Gostaram bastante!
MP: Estar numa banda alternativa no Brasil tem suas dificuldades, mas traz várias alegrias. Quais os melhores momentos que vocês já viveram até agora enquanto banda?
The Outs: Essas aberturas pro Temples em SP e Phantogram no Circo Voador sem dúvidas foram grandes momentos. O Breakout Brasil, reality show de música autoral promovido pela Sony que participamos ano passado, talvez tenha sido o mais extremo que enfrentamos até hoje. Foi um misto de muitas emoções em um curtíssimo espaço de tempo. Foi a vez que nós pudemos passar a maior quantidade de tempo juntos se preocupando somente com a nossa música. Além disso, fizemos muitos amigos e contatos por lá. Muitos frutos dessa experiência.
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