Entrevista: Name the Band
Name The Band é daquelas bandas que você conhece na surdina. Do nada, você encontra algo na Internet e acaba gostando muito. O mais legal disso é que os caras são do Brasil, apesar de soarem bem estadunidenses. Fugir do óbvio é uma das característica mais fortes do grupo, ao meu ver. E por que digo isso? Porque no Brasil há um grande patriotismo exacerbado de que as bandas precisam compor em português e precisam seguir a linha de Legião Urbana, Jota Quest, Charlie Brown ou O Rappa. São ótimas bandas, não discuto isso. Mas, se música é arte, porque devemos limitá-la por aqui?
Música Pavê: Posso estar completamente enganado, mas pouco se sabe da história do Name The Band. Já procurei pela Internet e deve ter alguns poucos artigos comentando sobre isso. Até onde sei, você é mentor e único Name The Band oficial. Como nasceu esta ideia de ser uma “banda” solo?
Zeh Monstro: Name the Band é uma banda super nova. Temos um ano e alguns poucos meses de existência. Tudo começou como um projeto solo meu. Já passei por diversas bandas, tocando bateria, baixo, guitarra, cantando e acompanhando alguns músicos por ai ao longo da minha carreira. Achei que estava na hora de fazer um projeto realmente só meu. Eu compus as onze músicas que fazem parte do disco Just Add Sugar, fui pro estúdio Nimbus e gravei o disco sozinho. Bateria, baixo, guitarra e vocal. Entre o processo de mixagem e masterizacão, chamei meus amigos Vini (baixo), Gabriel (guitarra) e Careca (bateria) para formar a banda e tocar o disco ao vivo. Estava oficialmente formado o NTB. Após esse primeiro ano, o projeto que começou “solo” é, hoje em dia, uma banda.
MP: Just Add Sugar trouxe ótimos resultados ao projeto. Name The Band tocou no Lollapalooza em 2013, viajou pelo Brasil apresentando o álbum, enfim, levou o nome para onde tinha que levar. Como este material surgiu? Como foi o processo de composição dele?
Zeh: Realmente fizemos bastante coisa pelo pouco tempo que o NTB tem. Fomos convidados para participar de um sideshow do Lollapalooza em 2013, realizado na Galeria do Rock. Foi o nosso primeiro show. A receptividade foi muito boa, tanto do público como do pessoal da organização e, por conta disso, fomos chamados para compor o line up do Festival. Acabamos tocando nos três dias do evento no Palco de Acesso da Chillibeans. Foi incrível. De lá pra cá, conseguimos tocar bastante por São Paulo, fizemos uma tour pelo Rio Grande do Sul, Goiânia, nosso som rolou na rádio 89, na MTV etc. Em relação ao processo de composição, tenho escola no punk rock do final dos anos 70/80 e nas “guitar bands” dos anos 90, entre outras coisas claro. Acho esse o som que mais se percebe de influência no Just Add Sugar. Estava num período “entre safra”. A banda que eu tocava antes tinha acabado e eu estava sem banda. Foi um período bom criativamente falando. Compunha todo dia, fazia gravações em casa, testes. Cada ideia que vinha na minha cabeça eu gravava e escutava depois para ver o que tinha de legal. Ficava enfurnado no meu estúdio. Foi um processo bastante solitário, mas gerou um resultado legal.
MP: Com dois anos de existência, Name The Band é um dos grandes nomes do rock alternativo brasileiro. Fora do país, qual é o respaldo que vocês têm?
Zeh: Temos vontade de realizar coisas fora do Brasil. Acho uma coisa natural pelo estilo de som que a gente toca e por cantarmos em inglês. É possível encontrar nosso disco na tradicional loja de discos Amoeba (em L.A. e San Francisco). Temos alguns fãs e parceiros nos EUA. Pretendemos ainda esse ano fazer uma turnêzinha por lá. No ano passado, participamos do programa de rádio do lendário Mike Watt (Minutement, Firehose, Stooges). Rolou nosso som e até uma entrevistinha. Foi bem legal!
MP: Daqui a alguns dias, vocês lançarão um vídeo clipe novo. Esta música nova traz um “novo Name The Band” ou a essência continua?
Zeh: O clipe que vamos lançar dia 20 de fevereiro, estreando nosso canal VEVO, é da música The Plan que faz parte de Just Add Sugar. Mas, em março, lançaremos uma música nova, que já esta gravada e futuramente fará parte de um novo EP que iremos lançar em vinil. Essa música está um pouquinho mais pesada, com distorção na guitarra, coisa que quase não tem nas do primeiro disco. Mas a essência continua a mesma. Ela está no processo de mixagem, já já esta pronta.
MP: Qual a perspectiva pra banda daqui os próximos dois anos?
Zeh: É difícil pensar a longo prazo quando se trata de uma banda independente, mas uma coisa muito importante pra nós desde o começo é manter a liberdade e integridade artística no nosso som. Criativamente, sempre iremos fazer o que a gente estiver com vontade sem ter que mudar o nosso som ou nos encaixar em algum modelo – uma das vantagens de você ser “independente”. Pretendemos lançar esse EP com quatro músicas e, ano que vem, com certeza, um disco novo. Adoramos fazer clipes, então podem esperar mais uns três nesse ano pelo menos. Queremos tocar esse ano ainda no Nordeste (temos bastante fãs por lá), interior de São Paulo, Rio de Janeiro e mais uma tour pelo Sul. E, como já disse, esse ano pretendemos levar o nosso show/som para os EUA. Não podemos parar. Vamos, caras!
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