Entrevista – Lestics
Uma das bandas mais ativas do cenário pop rock brasileiro, o Lestics lançou quatro discos em quatro anos e vem conquistando cada vez mais público e crítica com seu som puxado para o folk com letras belíssimas. Entrevistamos Olavo Rocha, vocalista da banda, sobre seu último trabalho, o lindo álbum Aos Abutres, que pode ser baixado gratuitamente no site oficial da banda. Confira o que ele nos contou e o clipe de Travessia, que pega emprestado o clássico da literatura norte-americana Moby Dick para narrar a letra da música.
Música Pavê: Percebemos que os brasileiros estão cada vez mais abertos para as vertentes da música folk, como o som que vocês fazem. Que motivos vocês vêem para esse estilo não se firmar de uma vez no mainstream brasileiro?
Olavo Rocha: Não sei se os brasileiros estão mais abertos. Alguns novos artistas chamam a atenção da mídia e atraem um certo público, mas acho que o interesse ainda é pequeno, principalmente se comparado ao interesse pelos gêneros e artistas populares estabelecidos. Mainstream é grana (e grana cada vez mais conservadora). De modo geral, o mercado musical não quer se arriscar com artistas independentes que não fazem multidões “tirarem o pé do chão”. Por outro lado, graças à Internet, as pessoas tem a chance de conhecer artistas e sonoridades que estão fora do mainstream. Esse é o caminho: explorar os novos meios.
MP: As letras são muito marcantes no trabalho do Lestics, com versos que se destacam sem se sobrepor à música. Como é poder escrever e cantar folk rock em português?
Olavo: Nosso som tem muito de folk, mas também de rock e pop, e mais um tanto de country e psicodelia. O berço desses gêneros está fora do Brasil, mas eles tem uma longa história por aqui. Até por conta disso, pra gente é absolutamente natural que nossas músicas sejam cantadas em português. Não rola estranhamento.
MP: Como foi o envolvimento da banda na concepção do clipe de Travessia? Como foi trabalhar os elementos do livro com o conceito do disco?
Olavo: Moby Dick, o texto que ilustra o clipe, é um livro que eu adoro. Um dia, assim do nada, me ocorreu que as palavras da letra de Travessia poderiam estar no livro. Fui checar e estavam mesmo. Achei que a idéia poderia render um clipe, então chamei um diretor de arte (o Fabrício Kassick) e um diretor de cinema (o Pipol) pra colocar isso em prática. No fim das contas, a direção de arte e a montagem foram decisivas pro clipe funcionar, porque a linguagem dele é mesmo um pouco estranha.
MP: E a arte do álbum, como foi desenvolvida?
Olavo: Trabalhei junto com o Fabrício Kassick nessa arte também. Eu tinha uma idéia geral e algumas imagens que gostaria de usar e o Fabrício deu a forma final do projeto. O meu filho Pedro também deu alguns palpites certeiros, ele tem o olho bom pra direção de arte.
MP: Vocês pensam em fazer mais videoclipes de alguma canção do Aos Abutres?
Olavo: Já estamos trabalhando na concepção do clipe de Dorme que passa. E Parto normal também deve ganhar um clipe em 2011.
MP: Foram quatro discos em quatro anos, uma média muito superior à grande maioria das bandas. Podemos esperar novidades nesse ritmo na nova década?
Olavo: Acho que sim. Todo mundo na banda gosta de compor, e temos por princípio não ficar embaçando muito pra gravar.
MP: O que vocês ainda querem atingir artisticamente com suas músicas?
Olavo: Da minha parte, a meta é sempre fazer músicas melhores do que aquelas que já fizemos. Nem sempre rola, mas a gente segue tentando.
Baixe o disco Aos Abutres no site oficial do Lestics
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