Entrevista: Laure Briard

foto por lisa boostani

No Brasil, “mais amor por favor”. Na França, Un Peu Plus d’Amour S’il Vous Plait, como Laure Briard chamou seu recém-lançado álbum. Como já reportado no Música Pavê, o trabalho vê a cantora e compositora de volta ao seu país natal após gravar o ótimo Coração Louco ao lado de músicos das bandas Boogarins e Carne Doce.

Em uma conversa com o site – que começou por Whatsapp e terminou no email -, Laure contou um pouco mais sobre seu processo de composição e gravação.

Música Pavê: Tem sido um tema frequente em entrevistas no site sobre como cantar sobre o amor não é um clichê, mas uma necessidade hoje em dia. Como você vê isso?

Laure Briard: A maioria das minhas músicas fala sobre amor, com certeza. Não sei dizer se é uma necessidade, mas a questão é que isso é importante para mim. É um tema inspirador e há várias maneiras de expressar como ele te faz sentir. E isso me ajuda, de certa forma, no meu dia a dia. Posso me expressar livremente, é um escape. Mas vários outros artistas escrevem sobre outros assuntos, não sobre amor, e as músicas são tão bonitas quanto. Não precisamos de amor para fazer boas músicas.

MP: Dizem que quando vemos o outro, vemos a nós mesmos. Vir ao Brasil te fez conhecer mais sobre si mesma e sobre suas raízes na França?

Laure: Me fez consciente de muitas coisas. Aprendi muito sobre mim e sobre o jeito que trabalho. Essa troca com os brasileiros foi muito recompensadora e intensa, é uma enorme experiência de vida.

MP: O que você aprendeu com Coração Louco sobre a maneira com que você faz sua música?

LaureCoração Louco me mostrou principalmente um jeito diferente de trabalhar a dinâmica de produzir e gravar. Perceber-se do outro lado do mundo com pessoas com quem você não costuma trabalhar muda muitas coisas dentro de você. Como eu disse, é uma experiência de vida. E eu não sei dizer exatamente o que essa mudança me traz. É bem abstrato, mas deixa uma marca para sempre.

MP: Quando você compõe, como você sabe o que será em francês, inglês ou português?

Laure: As letras em português foram um processo especial. A ideia era ter faixas o bastante para gravar pelo menos um EP. Então, foi um só ciclo durante umas duas semanas. Eu vou escrevendo versos em francês e em inglês no meu caderno, mais tarde eu decido se quero uma canção em uma ou outra língua. E daí eu faço! A quantidade é aleatória, não digo “ok, quero escrever duas ou três músicas”, acontece naturalmente.

MP: Adoro que você chama sua banda de Briardinhos. Como você escolhe as pessoas com quem trabalha?

Laure: Meus músicos são meus amigos. Não consigo imaginar trabalhar com pessoas com quem não tenho afeto. Essa é minha regra. E acontece que esses caras já estavam envolvidos no projeto antes de começarmos a tocar juntos. Alguns deles me ajudaram nas composições ou nas letras, e a maioria deles trabalhou comigo durante as gravações. Então, é o time perfeito!

MP: O novo disco tem dez músicas, Coração Louco tinha seis. Como você costuma montar seu repertório?

Laure: Depende de quantas músicas eu tenho (risos).

MP: Depois de ter gravado na França e no Brasil, onde você gostaria de trabalhar no futuro?

Laure: Em dezembro, viajei à Argélia, para uma cidade chamada Tamanrasset, onde conheci muitos músicos tuaregues. Eu já curtia música tuaregue, bandas como Tinariwen, Imarhan, Tamikrest, Mdou Moctar, amo esse som. Um dia, na casa do meu amigo, tive a oportunidade de cantar em uma música que um cara estava gravando. Foi uma experiência louca, porque era em tamasheq (a língua tuaregue). Adoro a ideia de produzir algo com eles!

Curta mais de Laure Briard e de outras entrevistas no Música Pavê

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