Entrevista: Kimbra

A mais pop do meio alternativo ou o versa desse vice, Kimbra ganhou nossa atenção e nossa admiração nos últimos anos com um trabalho de personalidade sempre marcante, sem medo de experimentar com sonoridades novas e, ainda assim, sabendo agradar até o mainstream.

Com show em São Paulo marcado para o dia 18 de janeiro (no Cine Joia, com produção Monkeybuzz), sua segunda vez no Brasil, a cantora neozelandesa conversou com o Música Pavê por telefone com a mesma simpatia, bom humor e sensibilidade que percebemos em seu som.

Música Pavê: Um tema muito frequente em artigos e críticas sobre seu trabalho é o quanto você está em constante mudança. Cada disco traz um novo sabor, um novo lado de Kimbra que não conhecíamos. Sendo assim, é inevitável a pergunta: Você não fica cansada de ir de um lado para o outro o tempo todo na sua identidade?

Kimbra: (risos) Acho importante que eu sempre curta o que eu estou fazendo. Todo mundo muda, você não é a mesma pessoa aos 30 anos que era aos 20, então nossos gostos também mudam. Para que eu consiga subir no palco e estar empolgada, eu preciso que o que eu faça seja verdadeiro para mim naquele momento. É assim que eu vou conseguir comunicar o que eu quero e empolgar as pessoas nos shows.

MP: E por falarem mudanças, você é dona de uma videografia muito rica também em termos de formatos, trabalhando desde animações até produções mais simples, passando por vários estilos de narrativa. O quanto é importante para você poder oferecer maneiras diferentes de mostrar suas músicas?

Kimbra: Ah, com certeza é muito importante, é tão importante quanto a música em si. Eu acredito que os clipes tenham que seguir a faixa, porque muitas vezes elas serão lembradas a partir deles. Então, é necessário dar bastante atenção a cada um deles para que reflitam a identidade daquela música. Às vezes é mais fácil, porque o orçamento é maior (risos) – não, brincadeira, mesmo sem orçamento, sempre há criatividade.

MP: É normal que os artistas, ao longo de sua carreira, se soltem mais nos clipes, mas você parece ter vivido o processo contrário. Seus vídeos de antes eram mais coloridos e até exagerados, enquanto hoje eles são, no geral, mais intimistas. Como você observa essa transição?

Kimbra: Hmmm eu acho que eu amadureci nessa direção. Eu hoje me sinto mais à vontade para mostrar alguns lados meus que eu não conseguia mostrar antes. É mais fácil se esconder por trás de muitos figurinos e cores, então tive que aprender a me permitir utilizar outras sutilezas nos vídeos, porque era o que essas músicas novas pediam.

MP: Suas fotos de divulgação ou qualquer retrato seu sempre esbanjam personalidade. O quanto você se envolve nessas decisões de estilo?

Kimbra: Uau, não dava para eu me envolver mais (risos). Para mim, é sempre uma continuidade da música, como fazer shows.

MP: Você tocou com Olodum no Rock in Rio 2013, até agora sua única apresentação no país. Como o Brasil ficou na sua memória?

Kimbra: Sinceramente, o show no Rio foi uma das experiências mais memoráveis da minha vida, principalmente por causa do público. Uau, foi muito intenso. Todo mundo estava no mesmo clima, todo mundo na mesma energia, eu recebi muito em troca. E poder cantar Michael Jackson, They Don’t Care About Us, e expressar essa mensagem foi muito forte para mim. Eu amo o Brasil, não vejo a hora de chegar a semana que vem.

MP: E você retorna ao país em um momento muito particular da nossa história, reflexo também do que está acontecendo em várias partes do globo. Como você enxerga o seu papel de trazer sua música, como uma artista de fora, para os brasileiros?

Kimbra: Essa pergunta é muito boa. Eu acho que há algo muito nobre no trabalho de dar forças para as pessoas, que é o que um artista faz. Por algumas horas, as pessoas vão poder se divertir, mas também refletir sobre outras coisas na sua vida, e depois voltar para suas casas renovados. Eu viajo bastante e observo isso, como a situação está muito estranha para todos. E vejo também que isso acontece, essa oportunidade de reflexão que a música oferece também nos shows. Eu me sinto honrada de poder fazer parte disso.

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