Inky: O Mesmo Grupo, uma Nova Banda
Desde que começou a despontar na nova cena alternativa, Inky foi um belo achado para os ouvidos mais atentos e ávidos por novidades. A mistura de rock e eletrônico casa naturalmente no som da banda, que teve seu álbum de estreia – Primal Swag (2014) – muito bem recebido por público e crítica.
A partir do lançamento, foram diversos shows rodando o Brasil e turnês em terras estrangeiras, como Chile, Peru, Espanha, Portugal, com direito a shows nos festivais Primavera Fauna, em Santiago, e Primavera Sound, em Barcelona. O crescente desenvolvimento da banda foi o suficiente para manter toda uma expectativa em relação ao trabalho seguinte.
Foram dois anos e dois meses até a chegada do novo single. Parallax foi lançada no começo deste mês e indica um segundo álbum tão promissor quanto o primeiro, não há dúvidas ao afirmar isso. Muitas coisas chamam a atenção para a música, mas a que melhor resume foi dita pelo próprio baixista da banda, Guilherme Silva: são os mesmos elementos, mas é outra banda.
Batemos um papo com Silva sobre o novo álbum – ainda sem nome, com lançamento no segundo semestre –, que conta com a produção de Guilherme Kastrup, responsável pelo aclamado A Mulher do Fim do Mundo, de Elza Soares. Além de Silva, Inky é formado por Luiza Pereira, Stephan Feitsma e Luccas Villela.
Música Pavê: O segundo álbum é um dos mais esperados deste ano. O que a banda buscou neste novo trabalho?
Guilherme Silva, Inky: Buscamos evoluir o Primal Swag. Temos um senso de autocrítica muito forte e, quando decidimos fazer um álbum novo, pensamos em quais eram as coisas que havíamos curtido no nosso disco de estreia e o que gostaríamos de mudar.
MP: O single Parallax indica uma alteração na sonoridade do grupo. Ela vai se estender para o álbum inteiro?
Guilherme: Sim! O pessoal que curte a gente vai ouvir o disco e ter a sensação que já nos conhece, mas que estamos diferentes.
MP: O Primal Swag tinha a presença muito forte de sintetizador. Como vocês trabalharam esse instrumento dessa vez?
Guilherme: O Primal Swag foi criado basicamente através do Moog LittlePhatty, era a base das músicas. Baixo, guitarra e bateria eram moldados de acordo com o synth, por isso a percepção de que é um álbum mais eletrônico. Para este novo trabalho, fizemos o inverso. O synth foi moldado de acordo com o baixo, a guitarra e a bateria. Ele entra como a cereja do bolo e não como o pilar de sustentação
MP: Li uma declaração da Luiza na qual ela diz que as letras do novo álbum vêm de um lado muito pessoal. Quais temas são abordados no disco?
Guilherme: Não posso falar por ela, mas esse álbum reflete um lado bem pessoal da Luiza nas letras. Diferentemente do primeiro, no qual compusemos juntos as letras, esse trabalho ficou quase 100% por conta dela.
MP: Quais são as referências que a banda buscou durante o processo de composição?
Guilherme: A música africana, basicamente. Um dos momentos mais importantes desse álbum novo foi quando ouvimos, pela primeira vez, o Remain in Light do Talking Heads depois de um ensaio. Foi chocante.
MP: É impossível não falarmos de Guilherme Kastrup, produtor de um dos melhores álbuns de 2015. Como chegaram ao nome dele para a produção?
Guilherme: Pensamos muito em quem poderia produzir este novo trabalho. Foi tópico de diversas discussões. Estávamos entre três nomes e o Kastrup já era um dos favoritos devido ao A Mulher do Fim do Mundo, que, para nós, é o melhor álbum do ano passado. Mas quando vimos ele se apresentar com o seu projeto solo, Kastrupismo, em um mesmo festival que nós tocamos, foi amor à primeira vista. Ele é um puta batera, um monstro dos ritmos. E isso é uma das coisas que mais queríamos para o segundo álbum – trabalhar mais os ritmos e batidas
MP: O que ele trouxe de novo ao processo criativo da banda?
Guilherme: Não diria que ele trouxe nada de novo, mas está sendo essencial para ajudar a chegarmos ao som que queremos. É muito gostoso trabalhar com o Kastrup. Ele entende o que a banda quer e serve como uma catapulta – “é pra lá que vocês querem ir? Beleza, vou ajudá-los a chegar lá, se segurem!”.
MP: A rodagem de estrada ajudou a banda durante as composições?
Guilherme: Nossa, demais! Em turnê nos aproximamos muito mais e passamos a entender mais os sinais um do outro no palco. Isso no dia a dia das gravações em estúdio faz com que as músicas nasçam de maneira mais orgânica e faz toda diferença na sonoridade.
MP: Vocês já excursionaram pela América do Sul, mas, como foi a tour na Europa, incluindo Primavera Sound?
Guilherme: Foi simplesmente surreal. O público europeu é sensacional e tivemos uma receptividade incrível. Ambos os shows que fizemos no Primavera Sound estão na memória como dois dos melhores momentos das nossas vidas.
MP: O público europeu, em geral, é receptivo a bandas independentes? Qual é a relação que você faz com o público daqui?
Guilherme: O publico europeu é igual a qualquer público do mundo. Você tem basicamente 5-10 minutos pra convencê-los de que teu som é bom.
MP: Para finalizar, mais alguma surpresa vem por aí, além do disco?
Guilherme: Vamos lançar o disco e morar na estrada. Podem nos esperar em alguma cidade perto de onde você mora!
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