Entrevista: Holiness
A gaúcha Holiness tem feito bastante barulho por onde passa – e isso não foi um trocadilho “tiozão” pro som pesado que a banda faz. É que em um tempo super curto (já que o grupo se formou em 2008), esse pessoal tem conseguido chamar a atenção e conquistar público mesmo participando de um dos gêneros mais subestimados do mercado fonográfico, o “Metal Moderno”, que alguns acreditam ter espaço apenas no mundo alternativo. Com um primeiro disco bem trabalhado, o consistente Beneath the Surface, a banda caminha de cabeça erguida no mainstream, com presença firme em rádios e no Top 10 da MTV com o clipe The Truth. E foi sobre ele que conversamos com a vocalista Stefanie Schirmbeck, que nos contou como foi ter uma produção desse tamanho já no segundo videoclipe da banda e o cenário em que a Holiness está inserido na indústria musical.
The Truth
Música Pavê: Pra começar, a gente quer saber como foi fazer o clipe The Truth. Qual foi a participação de vocês na concepção dele?
Stefanie Schirmbeck, da Holiness: Fazer The Truth foi bem complicado no sentido de chegarmos a um roteiro, chegamos a fazer cinco histórias até chegarmos a um acordo com a produtora (a Kairós Filmes). No clipe anterior, Into The Light, a concepção do roteiro foi da banda, e em The Truth a ideia partiu da produtora. Gostamos muito de dar esse sentido de encontro de dimensões, de suspense e conflito, pois a história trata de um choque de dimensões, onde a personagem principal se encontra com outras versões dela mesma e das pessoas que ela conhece, sem saber em quem e no que realmente acreditar.
MP: Como foi a experiência de tocar no topo do prédio e viajar com a equipe pra gravar em todas as locações? Vocês curtem essas oportunidades de interpretar e tocar em ambientes diferentes do normal?
Holiness: Foi super legal gravar em várias locações, isso tudo deixou o clipe muito mais rico visualmente. Levamos cinco dias para gravar The Truth. Lógico que foi super trabalhoso, principalmente para gravarmos a cena da banda no topo do prédio em Campinas, pois havia muito equipamento para ser carregado e muitos lances de escada para subir, onde não tínhamos acesso ao elevador. Gravar um clipe é sempre uma experiência super enriquecedora, pois você tem a oportunidade de brincar de atuar, ser um outro alguém. Apesar de ser bem trabalhoso, o esforço vale a pena quando o produto final é apresentado.
MP: Qual foi a principal diferença de gravar um segundo clipe, em relação à primeira experiência com o Into the Light?
Holiness: Into The Light foi um clipe relativamente mais fácil de ser feito, o roteiro permitiu que pudéssemos gravar em um só local e em um só dia. Levamos 17 horas para gravá-lo, o que comparado com The Truth foi super rápido! Um fator que facilitou o processo no segundo clipe foi a experiência da banda em já ter gravado, apesar de ter sido uma proposta totalmente diferente em termos de história e demanda de tempo.
MP: A Holiness existe há pouco tempo e ainda está em seus primeiros lançamentos. O quanto da banda a gente pode conhecer só de assistir aos videoclipes?
Holiness: Não creio que se possa julgar uma banda por conhecer apenas um ou dois vídeos, no nosso caso, por exemplo, muitas pessoas viram em The Truth um lado do Holiness que era desconhecido até então, e foi com a intenção de mostrar esse lado mais pesado da banda que escolhemos esse single. Toda a linguagem visual desse clipe, se você observar, é bem diferente do primeiro. O videoclipe tem a função de apresentar a banda ao mundo, e hoje em dia a linguagem visual está muito forte, podemos observar uma grande mudança no mercado fonográfico em função disso. Hoje em dia, vende-se muito mais imagem do que música e esse papel o videoclipe representa muito bem, apesar de muitas vezes não ser o suficiente.
MP: Como vocês lidam com rótulos e tags que as pessoas costumam usar para falar da banda? Vocês preferem ser identificados como parte de um estilo ou gostam das diferentes identificações?
Holiness: Complementando o que eu disse antes, por causa do clipe Into The Light, Holiness foi categorizada por muitos como uma banda de Gothic Metal, pois ele traz toda essa linguagem mais gótica, tanto no figurino quanto na música e na história do clipe, mas esse não é o nosso caso, pois não somos uma banda de Gothic Metal. Gostamos de definir nosso som como um “Metal Moderno”, dentro disso o Gothic Metal é uma das nossas influências junto com o Heavy Metal, Hard Rock e Prog. Decidimos fortalecer nosso outro lado com o clipe de The Truth, onde tanto a música, quanto a história, fotografia e figurino, a imagem que quisemos passar foi, acima de tudo, de uma banda de rock.
MP: Mesmo com algumas pessoas reclamando da falta de rock no Brasil, existem alguns nomes mais “pesados” entre os “mais pedidos” e “mais tocados” no país. Como vocês enxergam o momento da música no país e a participação de vocês nesse cenário?
Holiness: Essa fase é complicada para a música em geral. Toda a indústria fonográfica está em crise e o Brasil tem muitos estilos musicais, o rock não está nem de longe na sua melhor fase. Percebemos que hoje em dia as pessoas estão conhecendo quem somos, já não somos mais uma banda desconhecida. Estamos sendo reconhecidos aos poucos pelo público e mídia mainstream. Sempre tivemos a ideia de poder tocar Metal nas rádios, de desmistificar esse estilo que insiste em ficar no Underground, e isso acaba prejudicando muitas bandas e a cena em geral. Não queremos ser mais um desses casos de “Síndrome Underground”.
Into the Light
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