Entrevista: Aquilo
No finzinho de agosto, o Música Pavê deu a dica do duo britânico Aquilo, que utiliza elementos eletrônicos e instrumentos convencionais para criar um som caprichado sem perder uma característica mais popular – daí servir tão bem para trilhas sonoras, como vem acontecendo.
Desta vez, Ben Fletcher e Tom Higham bateram um pequeno papo conosco através de email, para conversarmos mais sobre sua carreira e composições.
Música Pavê: A questão espacial parece ser uma das características principais na sua música, é fácil notar como o som se expande em diversas direções em cada faixa. Para mim, é como se a música sempre tentasse me levar a algum outro lugar. Esse “escapismo” é algo que vem à mente quando estão compondo ou produzindo?
Aquilo: Sim, supomos que sim. A ideia de poder se perder em algo que você fez nos anima muito. Em termos de escapismo, não sentimos que estamos tentando, ou que temos a necessidade de escapar de nada. Temos a tendência de compor músicas sobre coisas genuínas e, depois que tudo está escrito, podemos curtir a sensação de se perder.
MP: O mais interessante é que, ao mesmo tempo, parece algo que guia o ouvinte ao seu próprio interior, com tantas músicas sendo intimistas, ou até mesmo melancólicas. Que tipo de retorno vocês têm tido do público? Existe alguma resposta emocional dos ouvintes?
Aquilo: Recebemos todo o tipo de emoções e comentários sobre como nossa música faz as pessoas se sentirem. O que uma música significa para nós dois pode ter um sentido completamente diferente para outra pessoa, e adoramos isso. Nos emociona ver como as pessoas usam nossas músicas como ajuda em tempos difíceis. É muito gratificante.
MP: Vocês se sentem parte de uma cena ou movimento? Quais outros artistas vocês acham que fazem um som similar ao seu?
Aquilo: Até agora, nunca pensamos que éramos parte de uma cena. Ao longo do tempo, conhecemos outros artistas que estão na mesma posição que nós, com os mesmos fãs, e parece que tem algo acontecendo ali. As pessoas têm nos colocado no mesmo universo de Shura, Låpsley, Oh Wonder, Kevin Garrett e the Japanese House, o que nós achamos bom.
MP: Falando nisso, o que vocês têm ouvido recentemente?
Aquilo: Muito Pearl Jam, as coisas novas de Bon Iver, Unknown Mortal Orchestra e o último de Father John Misty. Esse disco é muito real.
MP: Como alguém que fala português, eu preciso perguntar: De onde veio o nome Aquilo?
Aquilo: (risos) Os portugueses sempre nos perguntam isso e deve parecer estranho. Mas Aquilo, na mitologia grega, é um vento que vem do norte. Para nós, combina com nossa ambientação sonora.
MP: Para mim, parece que Aquilo utiliza bastante o formato de vídeo, seja com clipes ou sessions ao vivo, tudo em um relativamente curto espaço de tempo. Como vocês veem o meio como uma plataforma para promover sua música? E o quanto vocês estão envolvidos nas produções?
Aquilo: Lançamos os vídeos ao vivo porque nós tocamos juntos frequentemente e ninguém tem a chance de ver. Nosso amigo Harvey Pearson ocasionalmente vem ao estúdio e grava um pouco da gente tocando. Parece a coisa certa a se fazer, gravar uma performance dessas para deixar os fãs por dentro do que fazemos. Amamos fazer clipes. Pode ser porque nosso som é bastante cinematográfico, adicionar uma história com ainda mais profundidade em cima de uma música pode ser difícil, mas, quando feito do jeito certo, pode ser muito impactante. Preferimos videoclipes que trazem significados, tem que ter um propósito para tudo.
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