Alaska: “A gente estava cansado da mesmice”

por felipe indini

Não tem nem como tentar esconder: Alaska não é mais a mesma. Se você acompanhou o trabalho da banda nos últimos anos – caso do Música Pavê -, ainda que minimamente, vai perceber que os dois últimos singles lançados habitam territórios novos em sua carreira.

Hoje, mais do que nunca, Alaska quer fazer um som próprio, que não depende dos rótulos que as pessoas vão insistir em colocar nas suas músicas, de “um mundo do rock que a gente não pertence tanto”, como explicou o baterista Nicolas Csiky ao site: “A gente é tratado como se fosse parte de uma coisa que a gente não é, então a gente quis se distanciar sonoramente do que a maioria das bandas está fazendo no cenário de ‘rock nacional’ atual”.

Todo mundo trata a cena do rock no Brasil hoje como se ela fosse destinada a algumas bandas que estão se destacando, então colocam todo mundo na mesma panela. Com a gente, é um pouco diferente. A gente não faz parte de nenhum cenário”, conta ele, “a gente tem respeito, tem amizades dentro de todos os circuitos, só que a gente não está inserido em nenhum. Não é nem por opção, acabamos aqui”.

Isso tem muito a ver com a pegada mais sincera, mais livre com que Alaska enxerga suas músicas, que incorporam inspirações múltiplas naturalmente. “A gente ouve rock desde que a gente era moleque, e esses traços ficam na gente”, explica Csiky, e completa: “A gente estava cansado da mesmice, aí começou a experimentar com outras influências. Acho que já deu um pouco as guitarras distorcidas e o riffão, né?”.

Misturando estéticas distintas (“tem referências do rap e muito do pop também”), o grupo já apresentou duas das faixas que estarão em seu próximo disco: NVMO – “a primeira faixa do álbum e um resumão dele todo” – e ____________vazio exemplificam o novo momento da banda, com um posicionamento crítico em relação à sua geração nas letras e às expectativas de uma “banda de rock” no Brasil hoje em sua atitude e até mesmo visualidade.

A gente tá tentando ser mais direto”, conta o baterista, “No Onda, a gente trabalhou de um jeito muito subjetivo, muito abstrato. Nesse, a gente tá tentando ser mais direto dentro do nosso conceito e jeito de falar. Ele trata desta geração, que é o maior tema que a gente está abordando. A ansiedade do pessoal da nossa idade é quase um problema geracional”.

Ele conta também que as mudanças têm sido bem recebidas pelas pessoas, que admiram também a ousadia de fazer algo novo. Segundo ele, o pessoal já sacou que o som de agora “é diferentão do que a gente fazia, por não ter um riffão de guitarra, ou um post-rock com um reverbão todo bonitinho, e por ter uma mensagem mais direta”.

O álbum está em fase de finalização e sairá ainda em 2018 pelo selo Sagitta Records.

Curta mais de Alaska e outras entrevistas no Música Pavê

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