Doc: “Sem Dentes: Banguela Records e a Turma de 94”

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A explosão de Nirvana em 1991 como um fenômeno musical não reverberou apenas nos Estados Unidos. Os efeitos chegaram ao Brasil e à geração de bandas que se revelou em 1994, como Raimundos, Nação Zumbi, Planet Hemp, Skank e Mundo Livre S/A, apenas para citar algumas.

É o que diz o documentário Sem Dentes: Banguela Records e a Turma de 94, dirigido pelo jornalista Ricardo Alexandre e exibido na 7ª edição do festival In-Edit Brasil. A história se baseia na criação do selo Banguela Records – liderado pelo grupo Titãs e pelo produtor Carlos Eduardo Miranda –, responsável pelo lançamento dos álbuns de estreia de Raimundos e Mundo Livre S/A, entre tantos outros.

Miranda, por sinal, vale por si só durante o documentário. Transformado em uma espécie de personagem central, ele é responsável por causos hilários e que, surpreendentemente, fizeram o selo dar certo durante o pouco mais de um ano de vida.

Contudo, mais do que contar a história do Banguela, Sem Dentes evidencia uma geração talentosa, que misturava influências regionais com rock – no documentário, é até mesmo citada como a “geração mais original do rock brasileiro” –, e que, acima de tudo, teve potencial para alçar a música alternativa ao mainstream – assim como Nirvana fez com o grunge.

Ricardo Alexandre falou ao Música Pavê sobre o lançamento.

MP: Você acompanhou essa geração desde quando ela surgiu. Naquela época, já imaginava que ela poderia render todas estas histórias?

Ricardo Alexandre: Não imaginava porque não parei para pensar nisso, mas é muito curioso. Conversando com amigos mais velhos, chegamos à conclusão que, no começo dos anos 90, aconteceu um fenômeno muito interessante, que foi o Nirvana. Nós sabíamos que ia ficar para a história, tínhamos certeza que estávamos diante de um dos grandes. E se a gente parar para pensar bem, o espírito de todo este filme e todas estas bandas, quem semeou foram eles. A ideia de que você podia fazer suas músicas do jeito que você quisesse – e ainda assim chegar ao mainstream – é o que conduziu toda esta geração.

MP: No filme, vemos que a geração dos anos 1990 não era apenas uma continuidade da dos anos 1980. A diferença entre elas era clara em 1994?

Ricardo: Não, porque as décadas não acabam quando viram o ano. Não estava muito claro, ao pegarmos algumas bandas do começo dos anos 90 como exemplo, se elas eram um rabo da geração dos anos 80 ou se já eram um prenúncio dos anos 90. Era impossível definir. Nós entendemos apenas quando os Raimundos vieram. Eles foram, de fato, quem explicitaram tudo isso que está no filme. É óbvio que vieram coisas antes, mesmo Skank, mas o momento que alguém vem, bate uma estaca e fala que aqui é outro terreno, foi com os Raimundos.

Sem Dentes

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