Dicas de Discos: Janeiro e Fevereiro/2021

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de janeiro e fevereiro de 2021.

Celeste – Not Your Muse

O primeiro disco cheio da cantora e compositora britânica mostra sua força, vulnerabilidade, os medos e a bravura de Celeste. Não ser a musa, não ser a idealização (e não aceitar ser colocada nesse lugar) são alguns dos lemas dessa não-musa que segue em frente mesmo que lhe digam para parar. Celeste apresenta (e representa) canções poéticas e envolventes – a escrita da cantora encontra melodias sinfônicas. (Letícia Miranda)

Tash Sultana – Terra Firma

Um título otimista para um álbum nascido em meio ao caos – pandêmico, de incêndios arrasando territórios inteiros na Austrália. Sultana recorre à sua vulnerabilidade nesse que parece um segundo álbum muito mais veterano. Sem tentar ser guitar hero (embora tenha capacidade pra tal), ela usa de referências do soul para músicas mais sensíveis. (Nathália Pandeló)

Píncaro – Um Delírio Madrepérola

Uma grande delicadeza enverniza as músicas que Roger Valença (Onagra Claudique) escolheu para seu disco de estreia sob o nome Píncaro. Ao atravessarmos o violão e as harmonias vocais, nos deparamos com versos e entrelinhas de uma sensibilidade refinada e beleza de sobra. Daquelas obras que se abrem aos poucos, faixa a faixa, e concluem a audição oferecendo um laço afetivo com o ouvinte, agora cúmplice de sua poesia. (André Felipe de Medeiros)

Zayn – Nobody Is Listening

É claro que todo mundo está escutando o álbum de um ex-One Direction, mas Zayn faz no título uma referência ao intimismo desse R&B intenso e sensual que ele escalona no terceiro disco. Sem precisar reinventar a sonoridade que vem construindo na carreira solo, ele brilha especialmente na spoken word de Calamity e nas ótimas Better e Windowsil. (Nathália Pandeló)

BaianaSystem – ATO 1: Navio Pirata

Não é de hoje que BaianaSystem é uma coisas mais interessantes da musica brasileira. Quem frequenta seus carnavais, sabe a importância de nutrir o coletivo em uma roda do grupo, e, no ano em que o trio elétrico ficou só na lembrança, podemos ouvir essa pérola com tudo que gostamos no grupo: A guitarrada baiana estourada, as letras eficazes de Russo Passapusso, participações de B.Negão e Céu e, sobretudo, a vibe calorosa que a sonoridade carrega por si só, nos transmutando para além das convenções e abrindo nosso semblante para sorrir agradecendo a dádiva de estarmos vivos. (Rômulo Mendes)

Maluma – #7DJ (7 Días En Jamaica)

Se o ‘reggaetonero’ faz hora extra pra ter single novo toda semana, Maluma tenta fugir um pouco às suas fórmulas em um álbum curto e direto que faz uma ponte (óbvia, porém válida) com o berço do reggaeton: o Caribe. Não basta ter convidado com sobrenome “Marley” pra ativar essa magia, mas vale o esforço para sair do seu próprio lugar comum. (Nathália Pandeló)

Arlo Parks – Collapsed in Sunbeams

Com seu álbum de estreia, a artista britânica saúda o início da vida adulta ao analisar, ressignificar e celebrar o que viveu na adolescência. São histórias que ela viveu ou observou outros viverem, narrativas que os apresentam personagens na quebra da inocência do que esperavam que ser gente grande seria. Tudo é acompanhado de um grande frescor sonoro, uma produção arrojadíssima e o vocal carismático e envolvente da cantora. (André Felipe de Medeiros)

Mogwai – As the Love Continues

Curioso como Mogwai serve perfeitamente como trilha sonora para momentos sombrios como o atual. De trilha eles entendem – vez ou outra lançam uma pra filme, documentário, video game -, mas trazem mais personalidade para seus próprios álbuns com um post rock instrumental que consegue contar histórias, mesmo sem letra. Digamos que o amor continua. (Nathália Pandeló)

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