Dicas de Discos do Mês: Setembro/2021

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de setembro de 2021.

Juçara Marçal – Delta Estácio Blues

Ouvir Juçara Marçal, Kiko Dinucci e toda a turma de músicos que os acompanham em outros projetos (Metá Metá, Passo Torto etc.) é se deparar com experimentalismo, sempre muito presente em suas obras. Delta Estácio Blues, segundo álbum solo da cantora (e produzido por Dinucci), é composto por diversos elementos que trazem uma sensação de estranhamento, que geralmente surgem a partir de ruídos, sintetizadores e efeitos com tonalidades mais graves. No meio de tudo, a voz inconfundível de Juçara se destaca por sua clareza e potência. O resultado é um disco para se escutar com calma e atenção. (William Nunes)

Esperanza Spalding – SONGWRIGHTS APOTHECARY LAB

Ao lado de pesquisadores, neurocientistas e músicos, Esperanza Spalding criou um ambiente sonoro permeado por cenas e paisagens vibrantes. SONGWRIGHTS APOTHECARY LAB é, de fato, um laboratório sensorial – projetado para acolher o ouvinte. A partir de uma experiência coletiva Esperanza desdobra singularidades e amplia camadas  características da sonoridade que vem elaborando ao longo de sua trajetória (seja as projeções vocais, o contrabaixo ou o piano). Mais do que um convite, o novo álbum da estadunidense é uma verdadeira experiência sinestésica. (Letícia Miranda)

Litle Simz – Sometimes I Might Be Introvert

Quando apertei o play para ouvir o quarto álbum da britânica Little Simz, relembrei quem de tempos em tempos, nossos ouvidos diagnosticam importância antes mesmo do racional imperar, reconhecendo estarem diante de algo grandioso. Cada música insere em si toques mágicos para transformar cada universo que por ventura encontre esse trabalho. É arte se colocando como inspiração para modificar vidas, a velha contestação de um objeto ganhando atmosfera para ser lido por diferentes contextos, com a fragilidade da artista exposta, sua técnica dobrando quarteirões bem acompanhada de um instrumental que ora rema para o que ainda está por vir, ora volta e te coloca em qualquer cotidiano do passado. Independente do lapso temporal, essa é uma obra esperta que consegue se fixar no presente ecoando tanto significado – vai de cada ouvinte encontrar os seus. (Rômulo Mendes)

Sufjan Stevens + Angelo De Augustine – A Beginner’s Mind

Essa é para quem já é fã dos dois músicos, ou para quem quer entender a comoção por seus trabalhos (e, no processo, virar fã instantaneamente dos dois). O disco trabalha a intersecção das estéticas dos dois artistas em músicas de cunho bastante orgânico e meio lo-fi nos arranjos e produção, e bastante intimista, reflexivo e espiritual nas letras. Para A Beginner’s Mind, Sufjan e Angelo se fecharam em uma casa no campo por um mês e compuseram suas músicas a partir de filmes que viram juntos. E nós aqui somos convidados a participar desse desafio criativo, ou dessa brincadeira, com uma coleção de músicas deslumbrantes. (André Felipe de Medeiros)

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