Dicas de Discos do Mês: Setembro/2020

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, começa aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Mês a mês, os pavezeiros indicarão obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de setembro de 2020.

Carne Doce – Interior

A primeira sensação que tive com o novo disco de Carne Doce foi de calmaria; de serenidade. Interior parece refletir algo completamente oposto do que vivemos atualmente, muito bem ecoado pelas letras cantadas por Salma Jô. E é nesse ponto que mora o seu mérito. Apesar de se reconhecer a banda logo de cara, principalmente se você é fã de Tônus, há aspectos novos a serem explorados. (William Nunes)

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Alicia Keys – Alicia

Alicia Keys deu a volta completa: cria de soul e R&B da geração anterior, desenvolveu um som próprio e já influencia a atual leva do neosoul, pop e hip hop – e se permite ser influenciada por ela. Por isso, Khalid, Tierra Whack, Snoh Aalegra e Miguel são nomes entre as parcerias. Alicia é um disco pessoal que dialoga com o coletivo, refletindo sobre o movimento por justiça racial nos EUA, os heróis na linha de frente da pandemia, a violência policial. Só que com muito sentimento, como Alicia Keys sempre fez. (Nathália Pandeló)

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Sufjan Stevens – The Ascension

Na minha mente, Sufjan Stevens é quase um cientista maluco, que percorre as estantes de seu laboratório procurando ingredientes para sua próxima criação, ou o mago que cria uma nova receita no caldeirão com aquilo que ele já tem. Em seu novo disco, o músico norte-americano trouxe altas doses de existencialismo e timbres eletrônicos em uma ambientação caótica e – veja só – pop. É estranho e familiar ao mesmo tempo, sempre genial. (André Felipe de Medeiros)

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Hot e Oreia – Crianças Selvagens

Hot e Oreia cantam a sensação de estar bem, provocam a masculinidade frágil, abordam o sexo de uma forma nada casual e sobra tempo para indagar as contradições de uma sociedade ora vestida com camisa do seleção brasileira pagando de lord. Armada de inteligência, expondo a ironia em outro patamar, a dupla vem bem acompanhada com um time de peso, que figura desde a direção artista do Daniel Ganjaman, os beats de Tropkillaz, Coyote Beatz e Deryck Cabrera, os samplers de Caetano Veloso e Nelson Ned até a participação especial de Black Alien e Nath Rodrigues. (Rômulo Mendes)

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Fabio Martins – Temprano 

Em seu primeiro trabalho solo Fábio Martins lança uma questão: pode a música instrumental ser política? A resposta para essa pergunta está amparada pelo violão, o protagonista de Temprano. O EP carrega dissonâncias intencionais e produz provocações pertinentes ao nosso tempo – do título, passando pela capa de pelo som, as imagens evocadas provocam e instigam. O trabalho de Fábio vem acompanhado de ritmos da América Latina (como a milonga pampeana, a chacarera e a guarânia), além de melodias do barroco europeu e harmonias inspiradas no metal extremo. (Letícia Miranda)

BK – O Líder em Movimento

BK não se perdeu nos elogios. “Avante” foi seu lema, entre castelos e ruínas, seguiu gigante, se tornou o líder em movimento, fazendo seu rap consequente abrir os caminhos feito um titã, sem esquecer da onde veio. Seu novo disco, O Líder em Movimento mostra a maturidade do artista sendo mais direto no que diz respeito aos prismas sociais, apurando cada vez mais sua leveza de criar rimas impactantes para dissertar sobre o macro e o micro na vida de um periférico. (Rômulo Mendes)

Fleet Foxes – Shore

A beleza arrebatadora da obra de Robin Pecknold é a protagonista de seu quarto álbum. Dando sequência à obra prima Crack Up, o novo disco chega em um tom (ainda mais) humanizado, abraçando uma sonoridade mais direta que reforça a sensação do ouvinte sentir os pés descalços no chão sendo alçados ao céu. Kevin Morby, Tim Bernardes e membros da banda Grizzly Bear são alguns dos colaboradores de um disco que, a cada faixa, faz jus à comoção que lhe cerca. (André Felipe de Medeiros)

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Marcelo D2 – Assim Tocam os MEUS TAMBORES

São mais de duas décadas de carreira solo, quase três se contarmos o tempo de Planet Hemp, e Marcelo D2 continua com a sua voz forte, importantíssima para a nossa geração. O grande barato do novo disco é a forma como foi feito, a sua inquietude diante da pandemia e de isolamento. As participações e colaborações amplificam o alcance do novo trabalho. D2 prova que o ditado é verdadeiro: a arte alimenta a alma. (William Nunes)

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