Dicas de Discos do Mês: Março/2023

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de março de 2023.

Lana Del Rey – Did You Know That There’s a Tunnel Under Ocean Blvd

Quando se apresentou ao cenário pop há pouco mais de dez anos, Lana mostrava que a construção de sua imagem era tão importante quanto a música que cantava: Uma estrela pop misteriosa, carregada de iconicidade estadunidense, entre a decadência e a brutalidade jovial. Ao longo da carreira, o que era construção imagética se tornou indissociável de sua arte, que cresceu em densidade. O novo álbum é ainda mais cru e áspero emocionalmente, ao passo em que a música se torna mais inspirada e complexa. Excelente. (Eduardo Yukio Araujo)

Caixa Cubo – Agôra

O trio paulistano de jazz/nujazz chega ao seu sétimo álbum com elegância e finesse. Um disco indiscutivelmente brasileiro, com um som que conecta os trabalhos de Funk Como Le Gusta, Eumir Deodato e Bixiga 70, mas com participações que vão da nossa Xênia França ao sul-africano Bongani Givethanks e à alemã Rebekka Ziegler. Um negócio de louco, de dar orgulho mesmo. (Vítor Henrique Guimarães)

Patricia Marx + Wado – MARXWADO

Há algo um tanto inusitado no encontro dessas duas vozes, que percorreram jornadas e cenários bastante distintos dentro da música brasileira nas últimas décadas. Mas existe também, ao mesmo tempo, uma naturalidade no que os dois produzem juntos que é sentida a cada segundo desse disco, e canções que conhecemos tão bem de outros carnavais ganham um nova, e bela, vida. É um disco que celebra essa parceria e também os caminhos que levaram os dois até ela. (André Felipe de Medeiros)

Bitita: As Composições de Carolina Maria de Jesus

Pouco se fala das contribuições da artista mineira para além daquelas feitas no campo da literatura. Com produção da vocalista e percussionista Sthe Araujo, músicas compostas por Carolina de Jesus encontram uma nova roupagem nas vozes de Nega Duda, Mestre Nico e Girlei Miranda 52 anos após o lançamento original. Entre marchinhas, sambas e berimbaus, é um disco bem atual em sua abordagem experimental sonora, e igualmente bonito e respeitoso. (Vítor Henrique Guimarães)

Do Amor – Problemão

A banda carioca foi apresentando canções desse novo álbum ao longo do ano passado, mas só agora, fechadinho como um álbum completo que podemos ter a certeza de que certo frescor e vitalidade estão de volta: a questão com músicos que absorvem um amálgama de influências diversas e tem talento para compor sobre ideias aparentemente inconciliáveis é não se perder no excesso. Problemão é bastante dinâmico, criativo e coeso, sem deixar de ser fruto de mentes capazes de operar em estilos diferentes. (Eduardo Yukio Araujo)

Tagua Tagua – Tanto

Em seu segundo álbum, o cantor e compositor Felipe Puperi, nome por trás do projeto Tagua Tagua, submerge o ouvinte em um universo que versa sobre relações, romances e paixões. Tanto é uma obra que tem muito a dizer, mas faz isso de forma leve, sossegada. Por trás dessa simplicidade, estão várias camadas, ou seja, esse é daqueles álbuns que vale ouvir várias vezes e descobrir algo novo a cada audição. (Guilherme Gurgel)

Yalla Miku – Yalla Miku

Com artistas da França, Argélia, Marrocos, Eritreia e Líbano, esse enérgico álbum mistura krautrock, post-punk, música gnawa marroquina e se coloca como o John Wick dos lançamentos desse ano: tiro, porrada e, depois, mais tiro e porrada. Surpreende da mesma forma que entretém. É transe quando você nem esperava mais ter essa sensação. (Vítor Henrique Guimarães)

WanMor – WanMor

Era uma vez uma banda chamada Boyz II Men. Ela terminou e um de seus integrantes fundadores teve seis filhos. Quatro deles (um deles com seus poucos 12 anos) decidiram formar um grupo, no melhor estilo boyband mesmo, e eles acabaram de lançar um EP que, por mais que você possa querer, você não consegue dizer que é ruim. É chiclete, é bem produzido, é até meio nostálgico; é o legado do pai, de Usher, de Ne-Yo – tem tudo ali. (Vítor Henrique Guimarães)

boygenius – The Record

Nem sempre a ideia do supergrupo funciona. Na verdade, há mais casos de resultado frustrante do que bem sucedidos. A união de artistas com carreira individual em um projeto juntos acaba sendo, muitas vezes, apenas um colchão de retalhos, fragmentos mal recortados de ideias. Por isso, o álbum de estreia do trio de compositoras indie surpreende: embora o estilo de cada uma esteja bem delineado, o resultado é de fato um apanhado das virtudes composicionais, com um equilíbrio e coesão de uma banda “de verdade”. (Eduardo Yukio Araujo)

Yves Tumor – Praise a Lord Who Chews But Which Does Not Consume (Or Simply, Hot Between Worlds)

Funcionando como uma expansão ao Paraíso criado no álbum anterior, o novo trabalho do artista estadunidense soa menos como se ele só acelerasse um carro sem olhar pra trás – como se fosse uma viagem frenética – e mais como se ele estivesse ainda mais consciente da sua habilidade como condutor. A forma como ele guia tão bem o ouvinte revela quanta noção ele tem dessa sua maestria. (Vítor Henrique Guimarães)

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