Dicas de Discos do Mês: Julho/2023

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de julho de 2023.

Zudizilla – Zulu: Quarta Parede, Vol.3

Com uma obra de arte: É assim que Zudizilla encerra a trilogia Ópera Preta. Canções reflexivas que conseguem atingir a vários públicos e fazê-los pensar em racismo e paternidade, entre outros temas de grande relevância. Com participação de Luedji Luna, Don L e Tuyo, o rapper gaúcho nos presenteia com um hinário bonito, suave e, ao mesmo tempo, contundente. (Rafaela Valverde)

Garotas Suecas – 1 2 3 4

A combinação de pandemia e governo extremista durante os últimos anos no Brasil trouxe uma série de consequências. Os efeitos do isolamento ainda são estudados, mas é certo que o que nos aflige também pode se tornar arte. De volta com um novo álbum após seis anos, o grupo paulistano transformou as inquietudes do período em um potente disco de rock brasileiro. Se as letras demonstram sentimentos exacerbados sobre política e sobre a vida em geral, o som não fica atrás: Elementos conhecidos (garagismo, psicodelia, brasilidades dos anos 60 e 70) parecem amplificados, mais ácidos e abrasivos. Um retorno essencial. (Eduardo Yukio Araujo)

Banda Eddie – Carnaval Chanson

Com Karina Buhr e Isaar a bordo de suas treze faixas, o grupo celebra um repertório essencialmente brasileiro e popular em alto estilo. São composições de figuras de ontem, hoje e sempre – nomes como Moraes Moreira, Alceu Valença e Miúcha são alguns dos destaques do disco – em gravações que parecem ter sido feitas entre muitos sorrisos. O clima é esse, e cada play promove bem ali onde você estiver uma pequena festa de grande charme e reverência de igual tamanho. (André Felipe de Medeiros)

Julie Byrne – The Greater Wings

“Suavidade” é o termo que descreve o novo álbum de Julia Byrne, com seu clima de amanhecer sereno — contemplação e introspecção. Ambientações, dedilhados e vocais delicados nos envolvem em uma jornada. Como de costume no folk, ressaltam a história que a compositora conta. Reflexões íntimas, confissões sobre luto, passado e transformação: “Fui eu quem voltou e arrastou para o futuro”, canta em Lightning Comes Up From the Ground. (Bruno Maroni)

Holger – Más Línguas

Após cinco anos, a banda paulistana retorna com um trabalho que reflete muito do que se passou nesse período: Se a essência do eterno verão permeia a obra do quinteto, se prestarmos atenção sempre houve espaço para as sombras. Afinal, o que sucede o prazer? Mais do que nunca, há um mergulho em fragmentos nostálgicos, sentimentos conflitantes e reflexivos. Paralelamente, há uma busca por soluções sônicas cada vez mais sofisticadas: todo espaço, riff ou batida emoldura canções bem construídas de indie rock brasileiro. Gosto de pôr do sol em Ilhabela ao fim das férias de verão. (Eduardo Yukio Araujo)

Local Natives – Time Will Wait For No One

Junte um pouco das harmonias vocais de Fleet Foxes, o apelo pop de Young the Giant e inventividade de Vampire Weekend e você terá uma amostra sonora de Local Natives, banda californiana na ativa desde 2008. De lá pra cá, ampliou sua sonoridade, chegando no clima ameno e enérgico de Time Will Wait For No One, um repertório de canções sobre amores, dúvidas, memórias e o tempo passando: “Corra enquanto ainda tem vantagem”. (Bruno Maroni)

Rita Ora – You & I

Com referências ao passado e odes ao presente, no qual vive cheia de amores pelo marido, You & I é um disco embalado pelo dance. Poderia ter sido lançado nos anos oitenta, sendo um arquétipo para uma artista à frente do seu tempo, já que também é muito atual devido a seus efeitos e referências. É perceptível a mudança da artista, apontando para um amadurecimento com pitadas de Amy Winehouse e Madonna, por exemplo. (Rafaela Valverde)

Blur – The Ballad of Darren

Poucas vezes vislumbramos bandas veteranas demonstrando vitalidade criativa, mas o quarteto de Londres prova ser exceção em seu novo álbum. Um sincero esforço de equilibrar o DNA do grupo com a bagagem de vida e de experiência sonora acumulados nas últimas décadas resultou em algo consistente: Aqui estão as excelentes qualidades composicionais de Albarn, o trabalho instrumental competente em especial do guitarrista Graham Coxon e a atmosfera de rock inglês naquilo que melhor pode ser: Pegajoso, inteligente e belo. (Eduardo Yukio Araujo)

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