Dicas de Discos do Mês: Fevereiro/2025

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.
Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.
Eis as dicas de fevereiro de 2025.
Froid – O Veneno do Escorpião V.2
Froid mostra um lado diferente e intimista em O Veneno do Escorpião V.2. O disco tem um estilo voltado para o rap e o trap mas uma ambientação mais orgânica, com mais instrumentos gravados no estúdio. Uma música que se destaca é Johnny Saxofone Jackson, que mistura elementos comuns ao jazz – como o baixo acústico e floreios de saxofone – junto ao beat eletrônico e vozes de fundo intrínsecos ao trap. (Clara Portilho)
Oreia – OREIA
OREIA, terceiro álbum solo do rapper mineiro, é composto por oito músicas que partilham da jocosidade característica do estilo do artista para dizer que seu rap não é “light”, que sua graça não é boba ou fútil. As rimas e referências improváveis e criativas unem-se ao tom de crítica e autocrítica, possíveis também em certos assuntos que não têm grandes pretensões. O disco é formado por muitas parcerias que apresentam, em sua maioria, uma cena mineira de beatmakers e rappers. (Nina Veras)
John Glacier – Like a Ribbon
A enigmática artista britânica trabalha com texturas eletrônicas que vão do experimental ao aconchegante em poucos minutos, mas sua entrega maior está na simbiose entre ambiências e letras: Seu flow é monótono à primeira vista, com pouca variação tonal. O que poderia jogar contra, na verdade, é um dos trunfos desse álbum, jogando com emoções, sombras e luz, Glacier não precisa de uma voz chamativa: O impacto está na química. (Eduardo Yukio Araujo)
The Wombats – Oh! The Ocean
Indie em sua forma mais pura: Oh! The Ocean faz uma viagem por situações emocionais comuns. O disco começa por coisas mais leves, como ir em uma festa por obrigação, escala para assuntos mais densos, como auto cobrança, e finaliza a jornada com a libertação do peso da ansiedade gerada pela vida. Mas nem tudo é tristeza! The Wombats consegue trazer essas reflexões com uma boa dose de humor e melodias alegres. (Clara Portilho)
Sam Fender – People Watching
A paixão do compositor inglês pela construção lírica e melódica do rock oitentista se expande neste que é seu terceiro e melhor trabalho. Ao abraçar o sentimentalismo desavergonhado, o cantor passa sinceridade em suas crônicas de nostalgia, luto, romances e desilusão política. O time de produção do álbum (que inclui Adam Granduciel, líder do War on Drugs) equilibrou grandeza e detalhismo. (Eduardo Yukio Araujo)
Inhaler – Open Wide
A banda irlandesa Inhaler, que representa a nova geração do rock alternativo, faz uma proposta diferente em Open Wide, se comparado aos lançamentos anteriores. Com uma sonoridade mais pop, o grupo troca as guitarras sujas por sintetizadores glamourosos, resultando em um disco mais habitual. Fica evidente que, neste álbum, os irlandeses se questionam: Como uma banda de rock pode alcançar o sucesso do mainstream em 2025? Inhaler se mostra confiante nessa busca, mesmo que ainda não tenha chegado ao topo. (Leticia Stradiotto)
Ichiko Aoba – Luminescent Creatures
Em algum lugar misterioso entre as pinceladas de um impressionista e o mundo de fantasia e folclore de Hayao Miyazaki, nasce a música de Ichiko Aoba. As melodias fluidas e delicadas se movem como as águas de um rio, aquecidas pela voz etérea da artista japonesa e agitadas por flautas, harpas e arranjos de corda. Mas por trás de tanta beleza, também corre uma força vital de intensidade hipnótica. (Bruno Takaoka Pugliese)
Denison Witmer – Anything At All
Ver os filhos crescerem, apreciar mais a natureza, pensar em um futuro que não será vivido: Denison Witmer canta com singeleza e impressionante sensibilidade sobre a meia idade, entre o cotidiano mais pacato e questões existenciais e espirituais. Veteraníssimo, ele sabe transmitir sua poesia com simplicidade e eficácia, e a produção (e participação) de Sufjan Stevens só enfeita ainda mais a obra. Ouça Shade I’ll Never See e entenda. (André Felipe de Medeiros)