Dicas de Discos do Mês: Agosto/2025

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.
Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.
Eis as dicas de agosto de 2025.
Deekapz – Deekapz FM
“Levanta a cabeça e dance” – o duo de DJs deixa suas intenções bem claras logo no início de seu álbum de estreia. Brincando com o formato de rádio popular (uma estética tão vintage quanto alternativa na era do streaming), Deekapz costura músicas e batidas nas vozes de Criolo, Urias, Tuyo, Fat Family e Luccas Carlos, entre vários outros, em sua excelência de produção. Uma espécia de “zoeira sofisticada” que gerou um dos discos mais divertidos de 2025. (André Felipe de Medeiros)
Gaby Amarantos – Rock Doido
Caos camp brasileiro da melhor maneira possível. Cheio de referências à cultura paraense, Rock Doido traz dança, diversão, bebedeira, amores não correspondidos e o final solene para uma noite em que a festa, talvez, tenha passado do limite. O disco contém 22 faixas que soam como um único set de DJ de aparelhagem e um curta-metragem cheio de coreografias e imagens que te transportam para dentro deste universo. O tecnobrega é o centro do projeto, mas ele abre espaço para outras influências como o sertanejo em Não Vou Chorar, o pop em Deixa e o forró em Crina Negra. (Clara Portilho)
Blood Orange – Essex Honey
Essex Honey é como um compilado de devaneios melancólicos que acontecem dentro da cabeça ao deitar na cama após um dia de rotina em que você não se sente confortável. É como se os dias estivessem passando, algo estivesse incomodando, mas, ainda assim, a vida estivesse fluindo. A indagação do que exatamente pode estar errado. Os instrumentais são muito bem colocados para dar essa ambientação, tornando um álbum muito íntimo e sem letras ou melodias expansivas. Vivid Light e The Last of England são faixas que dão a cara desses sentimentos, como se o eu lírico fosse apenas um observador da vida. (Giovana Bonfim)
Paira – EP02
Um dos destaques da cena indie brasileira em 2024, o duo mineiro dá sequência ao seu trabalho de estreia expandindo sonicamente seus horizontes. EP01 já trazia uma alquimia balanceada de breakbeats, midwestern emo e noise, com ecos de dream pop e shoegaze; esses ingredientes ganharam corpo. Aqui, Clara e André exploram a contenção e ambiências mais complexas, tornando a experiência onírica e sensorial já conhecida de seu som ainda mais profunda. Nesse ritmo, o futuro parece brilhante. (Eduardo Yukio Araujo)
CMAT – EURO-COUNTRY
A artista irlandesa descreve seu terceiro álbum de estúdio como “a melhor coisa que já fez”, e não é difícil entender o motivo. Com todas as faixas coproduzidas por CMAT (Ciara Mary-Alice Thompson), o disco exibe um som que ocupa espaço com imensa personalidade. Vulnerável e divertida, a cantora sabe exatamente como usar voz e letra para contar uma história com cada canção. Realizar isso enquanto equilibra pop, soul, country e indie em um único trabalho, e ainda soar extremamente genuína, consolida o lançamento como um dos grandes destaques do ano. (Guilherme Gurgel)
Reneé Rapp – Bite Me
Em Bite Me, Reneé Rapp entrega um álbum sincero em resposta à depressão, que equilibra fúria e vulnerabilidade na maturidade dos 25 anos. Honesta, a nossa garota malvada busca se divertir livre dos estigmas, conectando suas vivências ao público. Apesar de alguns tropeços em fórmulas genéricas, ela segue firme como uma das maiores promessas do pop feminino. (Letícia Stradiotto)
Pelados – Contato
O dia-a-dia pelas lentes do extraordinário. Contato fala de assuntos que são comuns a todos, como amor, conta de luz e até lojas de conveniência, com uma poesia e um frescor inesperados. O mix de pop, rock e elementos eletrônicos cheios de experimentação constroem um disco com identidade e coerência fortíssimas. Além disso, existe uma preocupação clara de deixar cada faixa com uma personalidade própria. Um dos destaques do disco é Enel, que explora com uma boa dose de humor como é um saco lembrar que ser adulto significa pagar contas de gás, luz e mil outras coisas. (Clara Portilho)
Cícero – Uma Onda em Pedaços
Cinco anos desde o último álbum de estúdio, o lançamento aparece como uma atualização do espaço-tempo da vida de Cícero. Com melodias que quase se auto referenciam ao longo de sua carreira, remetendo muito por vezes a Canções de Apartamento, fala sobre diversos aspectos de sua vida atual e mostra um Cícero muito mais seguro de si, de sua sonoridade (que, por mais similar a outros trabalhos que seja, traz um frescor e algo interessante de se escutar) e das mudanças que vem nas ondas da vida. (Giovana Bonfim)
落日飛車 Sunset Rollercoaster – QUIT QUIETLY
Um ano após um álbum em colaboração com a sul-coreana HYUKOH, que rendeu também um discão ao vivo, 落日飛車 Sunset Rollercoaster chega com mais uma novidade. A banda taiwanesa caprichou novamente, agora em uma obra introspectiva, entre a melancolia e a contemplação. Da beleza comum de Humor Tumor à sublime Piccolo Amore, é mais uma adição maravilhosa à discografia da banda. (André Felipe de Medeiros)