Dicas de Discos do Mês: Agosto/2024

Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.

Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.

Eis as dicas de julho de 2024.

Liniker – Caju

Para além de todo o brilho e cuidado na produção do álbum da cantora paulista, e dialogando diretamente com o fato de ela ter conseguido costurar belamente uma quantidade impressionante de gêneros musicais, tem um fato que me chamou atenção nas vezes que dei play em Caju: Não são músicas de afropop, pagode, house, MPB etc. sendo cantadas por Liniker, mas o contrário: É a cantora vestida desses gêneros. Faz sentido? Fazer um álbum dessa magnitude demanda não só vontade e liberdade para experimentar, mas também – e principalmente – pesquisa sobre o que sustenta uma faixa de um dado estilo, mas o rebuscado da coisa toda é justamente que nenhum outro artista faria esse álbum, com essas letras e arranjos, que não Liniker. Houve um zelo muito grande, um preciosismo intencional, de quem não só quer fazer música, mas cuida e ama essa arte. (Vítor Henrique Guimarães)

Rashid – Portal

Após uma narrativa tão ambiciosa quanto minuciosamente construída em Movimento Rápido dos Olhos, o rapper permitiu-se ir em outra direção: A de um disco mais orgânico, ainda que bastante conceitual. Afinal, estamos falando de músicas compostas após Rashid ter atravessado esse Portal chamado paternidade e contemplar agora todo um novo mundo pelos olhos do pequeno Cairo. Lenine, Péricles, Melly e Lagum estão entre os convidados. (André Felipe de Medeiros)

Private Joy – Desire!

Fãs do neosoul The Internet, Erykah Badu e Hiatus Kaiyote vão gostar deste EP, que marca o início da carreira solo da cantora inglesa Pops Roberts. Mas não apenas fãs dessas bandas, como também quem curte umas baladinhas sedutoras das coletâneas de lounge music dos anos 2000, e também a galera que curte as investidas pop de cantoras como Ravyn Lynae e Tinashe, ou MJ Blige e Macy Gray. A verdade é que o EP dá pano pra manga, mesmo rodando por menos de 20 minutos. E muito pode acontecer nesse pouco tempo. (Vítor Henrique Guimarães)

Magdalena Bay – Imaginal Disk

De um lado, synth-pop chiclete inspirado na sonoridade dos anos 80. De outro, indie experimental e futurista. No segundo disco, o duo estadunidense, formado pelos músicos Matt Lewin e Mica Tenenbaum, consolida sua estética e sonoridade original, facilmente identificáveis. Em Imaginal Disk, um clima de ficção científica perpassa as faixas, refletindo sobre o que significa ser humano e os conflitos que guiam a existência do indivíduo. Apesar da complexidade temática proposta, o resultado é leve e expande as possibilidades que os músicos podem explorar, dentro do estilo musical característico que vêm cunhando. (Guilherme Gurgel)

Joya Mooi – Open Hearts

Trazendo um som com direcionamentos mais diversificados – faixas com mais identidades individuais – que no álbum anterior (What’s Around The Corner, 2023), a cantora de raízes na África do Sul e na Holanda traz em seu novo trabalho uma jornada mais consistente, ousada e divertida. Quase soa despretensioso, mas, independente disso, ele é exatamente o que você precisa, a qualquer momento. (Vítor Henrique Guimarães)

Nayra Lays – Feita de Samba

É muito bonito ver como Feita de Samba surgiu de processos de autoconhecimento da cantora. Ou seja, não é difícil deduzir que o ritmo, junto ao pagode que aparece aqui e ali no disco, está em sua essência assim como outras estéticas da música preta que já conhecíamos em seu trabalho. Essa narrativa fica ainda mais legal quando entendemos que este é seu álbum de estreia, ou seja, Nayra mostra ao mundo quem sempre foi e abre caminho para uma discografia de respeito. (André Felipe de Medeiros)

Cimafunk – Pa’ Tu Cuerpa

Esse é daqueles álbuns que você põe para puxar um ferro, preparar uma comida marota ou para fazer saliências. É o terceiro álbum do artista cubano, que já vinha fazendo barulho o suficiente pra ser até indicado ao Grammy Latino. É um trabalho curioso porque, justamente quando você acha que Cimafunk vai abrir mão de algumas latinidades, ele vai lá e prova que você está errado. O que é sempre ótimo. (Vítor Henrique Guimarães)

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