Dicas de Discos do Mês: Agosto/2022
Em um mês, uma grande quantidade de trabalhos musicais chegam ao mundo. Apesar de todo empenho da equipe do Música Pavê, nunca é possível contemplar tudo. A fim de chamar atenção para a impossibilidade de abraçar o mundo da música, fica aqui a seção Dicas de Discos do Mês, com álbuns que não deu tempo de comentar no momento exato de seu lançamento.
Os pavezeiros indicam obras que não podem ficar de fora dos seus dias. Se deparar com um trabalho musical que mexe com você é muito prazeroso, então fica o incentivo de experimentar esses sons e ir além, se atentando às recomendações de outros veículos e até mesmo às sugestões de algoritmos. Nunca se sabe de onde pode surgir seu próximo disco favorito.
Eis as dicas de agosto de 2022.
Rico Dalasam – Fim das Tentativas
Dando sequência ao arco narrativo do álbum Dolores Dala Guardião do Alívio (2021), o novo EP do artista paulistano é mais uma demonstração da expansão estética e criativa de sua música; a partir de experiências afetivas e observações, o rapper articula com muito controle as nuances, sombras e luz. Partindo do rap para abarcar um som que aceita e dialoga com o pop, Rico cria seu próprio caminho de belas canções espinhosas. (Eduardo Yukio Araujo)
Samuca e a Selva – Ditados Populares Dançantes
O terceiro disco de estúdio da banda consegue a façanha de elevar a barra musical que grupo que já era alta. A tal “Selva” conta com dez integrantes e essa variedade um dos grandes atrativos do som, que tem arranjos de metais, teclados e percussões que deixam as músicas cheias de tempero. A produção contou com a participação de fãs, que enviaram palavras usadas como base no processo de composição. O resultado é um prato cheio para quem gosta de balançar o quadril. (Nuno Nunes)
Kokoroko – Could We Be More
Lá no início de 2018, saiu uma compilação da Brownswood Recordings com o que tinha de mais vibrante na nova cena de jazz londrina. Entre nomes como Ezra Collective, Nubya Garcia e Moses Boyd, estava a faixa Abusey Junction da mundialmente desconhecida Kokoroko. De lá pra cá, foram alguns singles, um EP energético, algumas colaborações em projetos paralelos (um show no Rio de Janeiro) e muita espera por um novo álbum, que só finalmente saiu no início de agosto. E é um lançamento que vale cada segundo esperado, uma linda, sensível e reconfortante recompensa para os fãs. (Vítor Henrique Guimarães)
Clara x Sofia – NADA DISSO É PRA VOCÊ
Apresentada por um punhado de bons singles, a dupla mineira já vinha desbravando mentes e corações Brasil afora. Finalmente com o primeiro disco lançado, a promessa de canções bem embaladas se concretizou: imagine boas referências pop daqui e da gringa informando o caldeirão criativo das moças, desaguando em potenciais hits repletos de retratos cotidianos de relacionamentos. Olho nelas. (Eduardo Yukio Araujo)
Jojo Maronttinni – Jojo Como Você Nunca Viu
Como numa repaginada de marca, a cantora Jojo Maronttinni vem num álbum full (ou quase full) samba. Com muitas homenagens e referências à vida suburbana carioca (e não é só na faixa Bangu que isso surge) e com direito a covers de Gonzaguinha e MC Marcinho, Jojo entrega um trabalho de produção refinada, letras honestíssimas e talento de sobra. (Vítor Henrique Guimarães)
Julia Jacklin – PRE PLEASURE
Nos primeiros meses da pandemia, o EP to Perth, before the border closes já mostrava como Julia Jacklin tentava lidar com as angústias de ter sua vida virada de cabeça para baixo. Em PRE PLEASURE, ainda há ecos desses sentimentos iniciais, que abriram a porta para que muitos monstros escapassem do armário. No entanto, mesmo que não saiba o que fazer com esses fantasmas, a australiana não foge e consegue aperfeiçoar a vulnerabilidade que permeia sua obra desde Don’t Let the Kids Win (2016). (Thaís Ferreira)
Djavan – D
Em que pese o amor, seus mistérios, ilusões e supostos sacrifícios, o cantor alagoano nos leva, através de 54 minutos e suas 12 faixas, a enxergar as dores do amor romântico, ainda que o reverencie e aposte nele como possibilidade de encontrar a felicidade. É o 25º álbum em 54 anos de carreira – números que só reforçam um talento e uma contribuição imensuráveis para a música brasileira. (Vítor Henrique Guimarães)
Filarmônica de Pasárgada – PSSP
A capital paulista nem sempre desperta o melhor lado de um ser criativo: Quem já viveu por lá sabe bem que a cidade pode ser sufocante e fantástica, muitas vezes ao mesmo tempo. Daí a dificuldade em transformar as muitas contradições em arte. Mais do que enfileirar referências de artistas de São Paulo e/ou inspirados por ela , FDP mergulhou em décadas de criações, entregando um álbum que serve de compêndio sobre as agruras e delícias da megalópole. (Eduardo Yukio Araujo)