“DEJAVU”: Bryan Behr Quer Ser Menos Estratégia e Mais Arte

foto por gabriel galvani

Bryan Behr é um sujeito de sorte. Ele tem o talento, o contrato e a oportunidade de fazer aquilo que mais ama: Música – com os amigos, ainda por cima. Esse é o pano de fundo de DEJAVU, seu terceiro álbum, lançado na última semana, feito ao lado de Davi Carturani, com quem o músico catarinense realizou seus primeiros trabalhos (e, não à toa, alguém que ele chama de “melhor amigo”).

“Vivi muitos anos com medo de errar”, contou Bryan ao Música Pavê durante uma tarde no estúdio, dias antes do álbum chegar às plataformas. “Quando você tem medo de errar, você não se diverte, e essa é a maior armadilha que um artista pode ter”, explica ele, que define o processo de composição das novas músicas como “desencanado, [porque] queríamos que fosse fácil e divertido”.

Bryan comenta cada faixa com grande entusiasmo, esclarecendoo quanto elas foram produzidas de forma despojada pelos dois ao lado do veterano Paul Ralphes, assim como elas vieram para contar a história que o músico de 28 anos recém-completados quer colocar no mundo: A de perceber seu amadurecimento e o quanto a juventude começa a ficar para trás (pós-jovem, em outras palavras).

“A gente vai vivendo e as pessoas sempre vão dizendo ‘nossa, mas você ainda tem tempo, você é novo’, e um dia elas param de falar isso”, conta ele, “aí você chega a um lugar e uma criança te chama de tio (risos). Com a minha [mudança] para São Paulo, a ideia era que eu precisava compreender muito mais minha música e minha carreira, acho que trouxe uma maturidade para mim de tempo para fora que foi muito importante para este disco”.

“Acho que podemos encarar a maturidade dentro da música de diversas formas, mas acho que esse foi o motivo principal de eu querer escrever o disco do zero. Eu sabia que não faria sentido eu fazer uma reflexão sobre o tempo, por mais que eu sempre tenha falado de tempo também, mas de um Bryan de 17 anos de idade, de outro tempo. Criar essas músicas feitas em um mesmo período faria muito mais sentido”.

O lançamento de DEJAVU chega então na união do que ele quer dizer com o quanto sua música é palatável, com tudo para ser aceita por uma multidão acostumada a singles e discos feitos com outras intenções. “Eu poderia sentar em uma reunião com dez pessoas para entendermos quais seriam os figurinos, as histórias que iríamos contar, o que que o disco ia falar, mas… é tão mais fácil deixar a música falar por si só”, conta o artista.

“A vida é muito curta para você ficar pensando como montar uma estratégia para chegar ao top 1 do Brasil. Eu não quero isso”, continua ele, “existiram vários momentos em que as coisas eram confusas para mim. Quando você se vê de frente a uma indústria e se percebe como parte dela, todo esse sistema gigante que gera dinheiro e gera emprego, você toma várias responsabilidades para você e isso faz com que você se leve muito a sério. Faz com que você tenha medo de errar. E medo de errar é não se divertir. Fiz um acordo comigo que eu não quero mais perder tempo tentando me encaixar em um lugar, tentando fazer sentido em uma coisa que está acontecendo… Se eu estou fazendo música que pareça estranha agora, talvez ela faça sentido no futuro, mas eu preciso fazer isso”.

A sorte de Bryan Behr é que a música que deseja fazer vai ao encontro do que o mercado está pronto para receber. E a nossa sorte é, além da qualidade de seu trabalho, ter no músico mais uma fagulha de esperança de que ainda há gente que dialogue com esse mundo de números, estratégias e planilhas por meio da arte. DEJAVU é prova disso.

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