Daniel Furlan É Naturalmente Tragicômico em “Tropical Nada”
Los Hermanos cantou um dia: “Me faz chorar e é feito pra rir” (Cher Antoine, de 2001). O oposto pode acontecer com o disco Tropical Nada, homônimo ao novo projeto musical do ator, roteirista e diretor Daniel Furlan. Falando ao Música Pavê, ele conta que uma das primeiras reações a essas músicas foi a de um amigo que não parava de rir enquanto as escutava. O que o amigo não sabia é que elas não foram feitas com propósito de comicidade.
As composições sugiram durante o período de isolamento na pandemia, “simplesmente com a vontade de compor novas músicas com letra em português”, conta ele, cujo último trabalho musical, a banda Ócio, terminou há cinco anos. Na hora de dialogar sobre os sentimentos e as reflexões que a solidão lhe deram, o jeitinho humorístico com que ele realiza suas demais obras, inevitavelmente, veio à tona – e uma mera leitura do nome das faixas do disco já revela essa característica: Você É um Piano Caindo do Topo de um Prédio em Cima de Mim, Sexo Ruim e o single Não Vale Nada são alguns exemplos.
Daniel levou as composições ao recém-inaugurado estúdio do baterista Bento Abreu, onde fez os primeiros registros das músicas. “[Elas] poderiam ser um EP de quatro ou seis faixas, mas nós, quando ouvimos as demos começamos a perceber que seria um álbum”, diz o músico.
Sobre a estética sonora de Tropical Nada, ele conta: “Eu queria deixar a guitarra gritar mais em certos pontos específicos, mesmo gostando muito dos efeitos usados e tudo. E é um disco que tem muito teclado, moog, piano elétrico, porque a gente tem o Zé Ruivo que é foda. Quando eu estava compondo, antes mesmo de saber que teríamos teclado, os riffs que eu fazia na guitarra ou no violão já eram pensando [no instrumento]. Zé se encaixou perfeitamente, porque, quando ele toca, parece até que as coisas que eu escrevo são boas”.
Tropical Nada – o projeto e o álbum – tem sua estreia ao vivo nesta sexta, 20, no StudioSP. Sobre o processo de levar essas músicas para o palco, Furlan descreve como “um pesadelo, porque [você grava o disco e] depois tem que tocar ao vivo, e vira um desespero. Mas estamos levando uma banda gigante, com oito e às vezes nove pessoas no palco. Sempre tive medo de tocar com muita gente, mas tá ótimo”.
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