Cut Copy Sempre Preza pela Coesão entre Música e Imagem

Mais de nove anos depois de uma entrevista aqui no site, Tim Hoey volta ao Música Pavê para contar um pouco mais do trabalho que Cut Copy tem feito, principalmente nos acompanhamentos visuais que seu som recebe. E o timing não poderia ser melhor, já que a banda australiana lançou recentemente, após três anos sem novidades, a faixa Love Is All We Share, que abre caminho para uma nova temporada de lançamentos.

Ao ser perguntado sobre qual seu videoclipe favorito, Tim pensa um pouco e afirma ser Free Your Mind, que – veja só – tem a ver com aquela primeira vinda da banda ao Brasil há nove anos. “Quando fizemos nosso primeiro show no Rio, conhecemos o ator Alexander Skarsgård, que estava lá de férias com o pai”, conta o guitarrista, “ele veio nos ver e acabamos ficando amigos. Dois anos depois, ele estava em um de nossos clipes”.

“Foi um vídeo muito legal de fazer”, continua ele, “Christopher (Hill), o diretor, é um amigo nosso e Alexander é um ator incrível. Nós passamos o dia apenas assistindo a ele trabalhar (risos), ele queria entender cada cena, sempre sabia o que fazer. É muito inspirador ver alguém trabalhando assim”.

Tim conta que a banda gosta de videoclipes por eles serem a oportunidade “de trabalhar com diretores que gostamos”. Em suas palavras: “Quando gostamos do trabalho de alguém, escolhemos a música e dizemos ‘pronto, agora faça o que quiser com ela’ (risos). Não damos tantas ideias assim. Entregamos a música, contamos um pouco do que está por trás dela e deixamos as pessoas trazerem suas interpretações”.

“Está cada vez mais difícil fazer clipes hoje em dia, o orçamento não é mais o mesmo de dez anos atrás, ou mesmo cinco”, comenta o guitarrista, “acho que isso influencia a escolha de trabalhar vídeos mais simples como o de Love Is All We Share. Nele, o trabalho com Takeshi Murata foi mais colaborativo, ficamos trocando ideias de um lado para o outro, e ele nos mandava atualizações da animação. Conversamos muito sobre as diferentes interpretações que a música poderia ter. É um processo que tem acontecido mais para as novas músicas do que aconteciam no passado”.

Ele comenta também que a ideia é sempre que os clipes contem um pouco do que o disco é, mas as pessoas têm sempre liberdade de encontrar outras interpretações. “Seja com as capas de discos ou com os videoclipes, tentamos ser os mais coesos que podemos – uma coisa informa sobre a outra”, explica.

“Dan (Whitford) e eu viemos de um contexto visual – ele trabalhava como designer gráfico e eu era estudante de artes plásticas -, então estamos sempre interessados nos aspectos visuais da banda, sempre temos ideias de como completar a música com imagens. Nós costumávamos colecionar discos pelas capas, não só pela música”.

Esse contexto de onde Cut Copy veio explica de uma vez por todas a altíssima qualidade da arte que a banda sempre exibe em seus álbuns e singles. De tudo o que já foi lançado, Tim elege a capa de Zonoscope (2011) como a que ele mais gosta, porque “Dan fez um excelente trabalho em aproveitar a imagem que licenciamos para o disco”.

“Acho que as novas, que estão para sair em um futuro não muito distante, são ainda mais legais, acho que são minhas novas favoritas”, comenta Tim. Ao ser perguntado sobre elas seguirem o mesmo clima minimalista presente em Love Is All We Share – não só em sua capa -, ele brinca: “Talvez, nunca se sabe. Mas talvez você tenha sacado (risos)”.

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