Courtney Marie Andrews: “Acredito muito na emotividade das canções”
Não é surpresa ouvir que Courtney Marie Andrews lançou um disco cheio de sensibilidade. A questão, contudo, é que seu Old Flowers, que a cantora norte-americana coloca hoje (24) no mundo, traz um grau de pessoalidade e exposição alto até mesmo para sua obra.
São dez faixas gravadas com apenas três músicos no estúdio – além dela, Matt Davidson (Twaine) e James Krivchenia (Big Thief), sob a tutela do produtor Andrew Sarlo (Bon Iver) – em um clima que evidencia o intimismo de suas composições. “Meu produtor e eu queríamos que fosse o formato mais mínimo possível”, disse ela ao Música Pavê, “queria que fosse uma conversa íntima, então queria que quem estivesse comigo tivesse empatia com a sensibilidade dessas músicas”.
Esse clima adorna canções sobre o término de um relacionamento, um tema universal “e que nunca fica velho”, como ela mesma brinca. “Acho que a música pode ser uma boa catarse”, diz Coutrney, “se o ouvinte, que também é adulto, passou por um relacionamento que terminou de forma dolorosa, vai entender essas histórias, se identificar e se sentir menos sozinho. Acho que histórias humanas fazem as pessoas se sentirem mais conectadas”.
Tem a ver com a maneira com que ela mesma entende essa forma de arte: “Música é para onde eu vou quando busco por conforto, eu não sei o que faria sem ela. É minha terapia de graça (risos)”. “Acho que, por causa do estado em que o mundo está hoje, sinto que não há palavras para descrever o que está acontecendo, então tenho escutado muita música instrumental. Só sons, vibes e sentimentos podem expressar”, comenta a cantora.
Courtney comenta que, entre essas músicas instrumentais que tem ouvido, estão big bands de jazz e slack-key guitar havaiana. A pluralidade de estilos acompanha também sua discografia, na qual ela não quer, em suas palavras, “fazer o mesmo disco duas vezes”. “Sempre fui atraída por discos sem gênero”, comenta ela, “quando eu fui fazer meu primeiro álbum, e isso ainda é verdade, eu não achei que estava fazendo um trabalho country, achava que era um folk à la Neil Young, mas as pessoas me disseram que era country. Eu não me apego a um só gênero para não limitar minha criatividade. Me sentiria confinada se fizesse isso”.
Para Old Flowers, a estética surgiu naturalmente a partir do que ela queria para essas canções – “um diálogo pessoal com a pessoa sobre quem escrevi”. “Nesse disco, de propósito, eu cantei de uma forma mais reservada que nos outros”, revela Courtney, “é uma conversa íntima, não teria como fazer isso com um som alto”.
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