Com Disco de Faixas Lado-B, Sleaford Mods Resume sua Carreira
A britânica Sleaford Mods sabe que seu som não é daqueles que encontramos em qualquer rádio ou playlist por aí. Imersos nas vertentes Pós-Punk, Electro-Punk e Rap, Jason Williamson e Andrew Fearn já somam mais de uma década de carreira com um trabalho de letras de conteúdo crítico, arranjos nervosos e uma grande personalidade.
“Notamos o quanto nosso som é nichado, bem distante do que é massivamente comercial”, comentou Jason ao Música Pavê, “nosso público tem principalmente entre 30 e 55 anos. Muitas bandas dizem ser influenciadas pelo nosso som, mas estamos isolados”.
Por isso, seu próximo lançamento, o disco All That Glue, chega como um presentão aos fãs que acompanham o duo há algum tempo. Com lançamento marcado para 15 de maio, o trabalho compila raridades da banda, singles lado-B e outras músicas que só eram apresentadas nos shows.
“Queríamos fazer esse álbum para incorporar tudo o que você não consegue encontrar online”, conta Jason, “nossa única intenção era que as pessoas tivessem acesso a essas música, que são favoritas ao vivo”. Sobre a experiência de selecionar e produzir esse repertório, ele comenta que foi “muito legal, porque temos muito orgulho de tudo o que já fizemos”.
Sleaford Mods foi uma das inúmeras bandas que tiveram que mudar todos os planos por conta das medidas de prevenção ao coronavírus, o que contou com cancelamento de uma grande turnê pelos Estados Unidos, que aconteceria após All That Glue chegar ao mundo. “A indústria da música ao vivo, uma hora, encontrará seu lugar novamente”, diz ele, “por enquanto, estamos dependendo de mais conteúdo. Não sei quanto tempo isso dará certo, porque somos músicos, não produtores de conteúdo (risos). É curioso se perceber engajado no mundo digital, porque isso é tudo o que temos hoje. Mas acho que as coisas começarão a mudar em alguns meses”.
Uma das perdas de não poder excursionar é aquilo que mais se ganha durante as turnês, o que Jason explica como “uma expansão do seu mundo e um entendimento maior da humanidade”, com o teor crítico de suas faixas podendo ser aplicado aos mais diversos contextos ao redor do globo hoje. “Notamos que nossa música resistiu ao teste do tempo, ouvimos hoje nossas letras de antigamente e elas continuam relevantes”, diz ele, “essa situação política continua e essas mensagens permanecem intactas. Eu não queria que fosse assim, mas é o que está acontecendo. Fazer o quê?”.
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