Coala – 10 Anos: Festival em Festa

timbalada e afrocidade

Havia muito significado por todas as partes do Coala Festival em sua edição 2024. Entre 06 e 08 de setembro, o Memorial da América Latina testemunhou fins e recomeços, alguma boa dose de nostalgia e uma vontade imensa de celebrar a música brasileira – marca registrada do evento paulistano que comemorou também seus dez anos de vida.

O formato do festival foi expandido levemente com duas novidades. O grande palco e as apresentações de DJs entre os shows foram mantidos, com adição de algumas poucas atrações no Auditório Simón Bolívar e uma ou outra performance de músicos que se apresentam com beats e samples, ao invés de DJ sets. Ambas marcaram a experiência dessa edição, com uma programação tão extensa quanto primorosa.

As bandas correspondiam também a uma média de idade um pouco mais elevada do que a da maioria dos festivais na cidade – talvez o público tenha amadurecido com o Coala ao longo dos anos. Planet Hemp, Lulu Santos e Paralamas do Sucesso são algumas das bandas que fazem qualquer pós-jovem sorrir, e a programação honrou quem cresceu escutando música brasileira de nomes como João Bosco, Boca Livre e Sandra Sá. Ela, inclusive, protagonizou um dos momentos mais memoráveis do fim de semana em um show sublime ao lado de Hyldon e Tássia Reis, com ápice em Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda.

Lenine celebrou outro aniversário (o de 30 anos de Olho de Peixe), O Terno fez seu último show no Brasil antes de uma “hibernação”, enquanto 5 a Seco, que se apresentou na primeira edição do Coala em 2014, despertou com a notícia de um novo disco (mas seu show foi só saudades). Bebé, Joyce Alane e Yago Opróprio representaram uma nova geração da música brasileira no palco, mantendo viva a chama da novidade que o festival sempre acendeu.

Na cenografia, a frase “fortalecendo a cena há 10 anos” se repetia. Não era a impressão que se tinha a partir da programação, que trazia muito mais nomes já “fortalecidos” do que ligados ao que chamamos de “cena”. Ao mesmo tempo, existe o perdão da comemoração de aniversário, que justifica tantos músicos conhecidos ao longo dos dias. Talvez, com o novo formato de apresentações entre os shows, mais novos nomes possam ser incluídos à próxima edição.

Na memória, ficam os côros em uníssono do público, seja acompanhando Adriana Calcanhotto e Arnaldo Antunes em seu show cheio de hits (de Fico Assim Sem Você a Já Sei Namorar), na comoção com Pra Você Dar o Nome que 5 a Seco promoveu do palco ou com a imbatível Beija Flor que Timbalada escolheu para abrir o show com Afrocidade. É o amor pela canção e suas mais diversas formas (essa preciosidade que está no centro da música brasileira) que o Coala brinda com reverência há uma década e, com isso, garante a relevância do evento em todos os anos.

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