Cinco Músicas pra Conhecer Sufjan Stevens
Uma pequena notícia para a humanidade, uma grande novidade para muitos fãs de música: Sufjan Stevens anunciou o lançamento do álbum Carrie & Lowell, que marca o retorno do artista à sonoridade folk com a qual ficou conhecido há mais de uma década.
É o tipo de disco que deve causar uma grande comoção à sua volta, se você também é cercado de musicófilos. Por que? Simplesmente pois o músico é um dos grandes compositores e arranjadores do nosso tempo, com trabalhos que transitam entre o popular e o erudito e o folk e o hip hop, sempre com tudo muito bem conceitualizado.
Nem sempre é fácil entendê-lo, principalmente quando ele lança mais compilações de natal do que qualquer outra coisa, ou quando monta um grupo de hip hop (Sysiphus). Conhecer seu trabalho, porém, é totalmente prazeroso, assim como explicativo da genialidade do artista.
Enquanto o 31 de março não chega com o novo álbum, temos tempo suficiente para ver e rever sua discografia. A dica é começar por estas cinco faixas que deixam de lado seu aspecto mais eletrônico e podem revelar um pouco do que Carrie & Lowell trará.
##Chicago
Sim, você conhece esta música. O maior “hit” de Sufjan já foi trilha de tudo quanto é coisa e deu grande visibilidade a seu álbum Illinoise (2005), parte de um projeto que, segundo o músico, daria um álbum para cada estado norte-americano (o primeiro foi Michigan, de 2003) – provavelmente, apenas uma boa sacada de marketing, visto que a ideia não foi pra frente. Chicago é uma delícia pop, com instrumental robusto e refrão cantado por um coro, tudo contrastando com seu vocal fragilizado de sempre e o clímax “I made a lot of mistakes, I made a lot of mistakes”. É sua música mais famosa, mas, mesmo se não fosse, seria uma bela amostra de seu trabalho.
##For the Widows in Paradise, for the Fatherless in Ypsilanti
Sem a grandiosidade da anterior, mas com o mesmo grau de beleza, esta faixa de Michigan traz todos os timbres e vozes em um aspecto mais discreto (repare como os instrumentos de sopro parecem sussurrar em alguns momentos) e, mesmo quando o vocal ganha mais força, o arranjo não perde seu aspecto mais reservado. Merece ser ouvida mais de uma vez, para notar como ela cresce dentro do ouvinte emocionalmente. Note que os títulos longos, ora irônicos, ora poéticos, são uma constante em seu trabalho.
##In the Devil’s Territory
Seven Swans (2004) é um disco inspirado quase inteiramente em temas espirituais (algo que se reflete ao longo de toda sua obra e, a julgar pelos nomes das faixas do novo álbum, isso não mudou), com muitas das letras vindas diretamente da Bíblia. Esta é um bom exemplo de como Sufjan orquestra os vários elementos sem perder sua timidez (como na anterior) e como sua musicalidade nunca nos leva a um folk muito convencional.
##Carol of St. Benjamin the Bearded One
Esta faz parte do sexto dos dez discos natalinos lançados pelo músico até hoje, Gloria: Songs for Christmas vol. VI , presente na compilação Silver & Gold. É um bom exemplo de como ele se propõe a trabalhar a música folclórica de origem europeia que formou a cultura estadunidense. Após uma primeira metade nesse âmbito, a segunda parte traz um de seus arranjos mais bonitos. Assim como a maioria de suas faixas natalinas, é o tipo de música que você pode ouvir durante o ano inteiro.
##Enchanting Ghost
Não só uma das mais bonitas, mas também uma das mais tristes composições de Sufjan Stevens orquestra só instrumentos de corda (guitarra, piano, harpa, violão e banjo) para cantar sobre o fim de um relacionamento. Presente no EP All Delighted People (2010), a faixa pode também dar pistas sobre Carrie & Lowell, já que o álbum é, como foi anunciado, sobre “a luta do artista para entender a beleza e a feiúra do amor” – ou seja, será uma obra complexa e com grande potencial emocional, como esta música. E, sinceramente, qualquer coisa com metade da qualidade de Enchanting Ghost já mereceria nossa atenção.
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