Cinco Músicas Imperdíveis de 2018

Chegou a hora dos não-hits, das músicas que ficaram confinadas a um só nicho sem exposição a outros públicos, ou mesmo daquelas faixas que foram ofuscadas por sucessos maiores no mesmo disco. Eis a lista de Cinco Músicas Mais Imperdíveis de 2018.

Neste ano, as selecionadas trazem ainda um outro fator aí no meio, que uns podem chamar de “ineditismo”, outros de “originalidade” e ainda há quem prefira “esquisitice” – embora o termo técnico nesse contexto seja “estranhamento”. O que quero dizer é que são sons que se diferem consideravelmente das outras músicas que tanto ouvimos durante o ano, ou mesmo antes dele.

Aproveite para incrementar suas playlists, para conhecer novos favoritos ou relembrar algumas das faixas mais caprichadas de 2018.

(Veja também cinco músicas imperdíveis de: 20172016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012)

Let’s Eat Grandma –Falling Into Me

O duo britânico pegou o mundo do synthpop/pop alternativo de surpresa com seu disco I’m All Ears, lançado no começo do ano, uma obra que desenvolve cada faixa sem pressa e com muita profundidade, como se cada uma fosse um pequeno universo dentro do multiverso que o álbum compõe. Falling Into Me comunica esse conteúdo ao trazer uma estrutura bastante fora do óbvio, com momentos muito diversos ao longo de quase seis minutos, o que faz parecer que você ouviu mais que uma música ali dentro da faixa. Mas não, ela é que vale por uma dezena mesmo. 

Luiza Lian – Mira

Sei que todos ouviram Azul Moderno e gostaram do disco por, digamos, todos os motivos certos. O que me espanta, contudo, foi não ver Mira sendo citada como um dos pontos mais altos do álbum, visto que é uma das faixas mais envolventes e mesmo impressionantes de todo 2018. Talvez por sua poesia ser a mais subjetiva de toda a obra, talvez por ela trazer elementos muito diversos (dos beats secos à referência de Zelda) e uma métrica mais livre, não sei. Mas é justamente aí, na beleza que essa confluência gera com a voz de Luiza que acontece um deslumbre que afaga e fascina como poucas músicas fazem tão bem.

Buzzy Lee – Coolhand

Essa aqui já foi destaque no comecinho do ano, e vale voltarmos ao assunto antes que 2018 acabe. Buzzy Lee pode não ter gerado tanto buzz (desculpe) assim como prometia – afinal, seu EP Facepaint é bem menos impressionante do que esperávamos -, mas Coolhand segue como uma baita música. Ela chega suave, cresce sem se perder e entrega ao ouvinte alguns minutinhos de boa companhia. Ela nunca se impõe, não explode em momento algum, mas ganha seus ouvidos com um carisma muito natural dessa aura vintage e do vocal charmosíssimo.

Silva – Caju

Eis o grande não-hit de Brasileiro, disco que abriga a faixa justamente entre Duas da Tarde e Fica Tudo BemCaju vem para equilibrar a audição com figuras de linguagem próprias do país e uma levada comedida, entre o batuquinho e os synths, para uma música de espírito livre que valoriza muito bem o vocal de Silva. Mais um caso de faixa amplamente ofuscada por suas colegas de álbum, mas que, sem ela, a obra perderia consideravelmente força.

Mitski – Nobody

A lista encerra oficialmente com uma música presente em algumas listas de “melhores do ano” da crítica especializada, mas que certamente se perdeu do radar de um público maior. Faz sentido, visto que Nobody bebe na fonte de um pop “clássico” que conhecemos bem para brindar sua personalidade própria de quem não tem vocal de diva e não se preocupa com harmonias e métricas polidinhas demais. No fim das contas, esse clima “amiga bêbada no karaokê” que rola no ápice da música ampara de forma certeira (e divertida) a mensagem de solidão que a letra carrega.

Menção honrosa (mais que isso, necessária): Ariana Grande + Nicki Minaj – the light is coming

Não pense em hype, não pense em repercussão, não pense em popularidade: the light is coming não é apenas a melhor música de Sweetner, mas um dos lançamentos pop mais interessantes desse ano ou dos últimos. Sim, ela fez sucesso, mas foi injustamente obscurecida pelos outros hits convencionais do álbum (God is a womanno tears left to cry breathin) e, depois, por thank u, next. Então fica aí uma pequena ação em favor de uma faixa com batidas espertíssimas, uma estrutura fora do esperado e aquele potencial de colocar qualquer tímido para dançar no centro da pista.

(Veja também cinco músicas imperdíveis de: 2017 | 2016 | 2015 | 2014 | 2013 | 2012)

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