Cinco Artistas para Gostar Ainda Mais de Música
Acredite: Você sempre pode gostar ainda mais de música. Nossa “história de amor” com essa arte é sempre dinâmica e capaz de novas profundidades a partir do momento que nos deparamos com novas maneiras de pensá-la, principalmente depois que cai a ficha de que há muito mais para ser ouvido e considerado do que um mero “gostei” ou “não gostei” em cada faixa.
É um disco que você ouve e vira um novo padrão de qualidade, um jeito de compor e arranjar que te surpreende pela originalidade ou mesmo como alguns compositores e intérpretes encarnam a música – são muitos os fatores que podem alimentar nosso gosto e nossa relação com o som, independente do contexto em que ele é feito.
Dentre uma enorme e feliz quantidade de bons artistas que existem hoje em dia, eis uma seleção de cinco deles que podem te ampliar algum horizonte e torná-lo um ouvinte melhor.
##James Blake
Favorito absoluto entre a crítica especializada, o jovem britânico impressiona pela maneira com que revela seu pensamento musical. Ele sabe criar harmonias sempre muito interessantes a partir da colisão dos elementos mais eletrônicos e de seu vocal característico de forma com que cada elemento na faixa funcione a favor de uma atmosfera muito específica.
Repare como ele utiliza os graves e as elipses (os momentos em silêncio) não apenas como elementos na progressão das músicas, mas como itens essenciais para a percepção sensorial do ouvinte. De melancolia evidente, Blake é o maestro das possibilidades que a música eletrônica dá ao produtor e um cantor que sempre tem muito a dizer. Para ouvir e sacar a complexidade que uma só faixa pode conter dentro de si.
##Lauryn Hill
Ao longo dos últimos vinte anos, a norte-americana foi de promessa da música como voz do grupo Fugees, para uma das maiores mentes musicais de sua geração e ao status de artista peculiar e pitoresca, dessas que ficam anos isoladas e atrasam, ou mesmo cancelam, grandes shows. Nada disso importaria, porém, se não fosse a maestria de suas composições e interpretações.
Lauryn é a reunião do que a música estadunidense, sobretudo a de herança africana, apresenta de melhor. Suas letras – ora críticas sociais, ora espirituais – ganham força interpretativa com sua voz impressionante e com uma variedade sonora sempre muito bem escolhida, seja o hip hop, o reggae ou mesmo um disco inteiro em voz e violão, tudo sem perder uma veia pop orgânica e sempre agradável.
##Sufjan Stevens
Não é raro alguém chamá-lo de “o maior compositor estadunidense vivo”, e sua obra faz jus ao título por uma diversidade surpreendente no som e um nível de qualidade e profundidade nem sempre vistos por aí. Sua Chicago já foi trilha de comercial no mundo inteiro (inclusive no Brasil, e mais de uma vez) e compõe sua discografia e sua identidade da mesma forma que faixas tocadas só no violão ou pirações eletrônicas colossais.
Uma das maiores lições da obra de Sufjan é a maneira com que as escolhas dos timbres funcionam em favor da composição, assim como suas escolhas de produção (seja gravar uma música no celular ou ter um grande coral no estúdio) são sempre justificadas pelo que a música comunica. Mais impressionante ainda é ver como há uma linha de coesão muito clara em tudo o que ele produz, com sua personalidade criativa e inquieta sendo guia para a honestidade com que trabalha.
##Céu
Com mais de uma década de carreira, a cantora paulistana tornou-se uma das maiores referências para a música brasileira de hoje, sendo sempre contemporânea com um quê de nostalgia – aquela vontade de ouvir música que quem cresceu ouvindo rádio e discos dos pais conhece bem.
Dona de um refinamento que se impõe em cada uma de suas faixas, a cantora é mestra em fazer escolhas preciosas para suas produções, sendo tão pop quanto fora do óbvio em tudo o que faz. Passear com atenção por sua discografia é mais do que admirar seu vocal característico, significa ter contato com composições e arranjos de primeira que colocam um novo padrão de qualidade para os próximos discos que você escutar.
##Devendra Banhart
Nascido nos Estados Unidos e criado pela mãe venezuelana em seu país, o artista absorveu essa independência de fronteiras e colocou-a na sua arte, sempre um trabalho de grande qualidade e cheio de características plurais, mesmo nos arranjos mais simples.
Com parcerias também diversificadas, como Rodrigo Amarante e Fabrizio Moretti (The Strokes), sua música é dona de uma ironia e senso de humor refinados mesmo quando mais intimista ou melancólica. Ouvir sua obra é também sempre perceber como a personalidade do artista pode ser evidenciada em seu trabalho – e deixa ainda mais claro o quanto grande parte do que é produzido ao nosso redor vem insosso e homogêneo.
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