César Lacerda: Os Porquês da Música
Tem gente que simplesmente nasce pra Caetano. Que maneira melhor de fazer um disco do que reconhecer essa vocação. Não de uma maneira ostentosa nem procurando evidenciar suas qualidades só pelo prazer de estar acima dos demais, mas pelo talento que alguém se permite mostrar porque inevitavelmente aflora, sobe à superfície sem esforço e depois, aí sim, com esforço e trabalho, o dom é celebrado e lapidado.
Ninguém pergunta “o que você vai fazer quando crescer?”. A pergunta é “o que você vai ser quando crescer”. César Lacerda definitivamente não faz música, ele é a voz.
Esta personificação da necessidade de cantar se transforma nos diversos personagens de cada uma de suas músicas, o que se torna especialmente evidente nas apresentações que César fez na sua turnê europeia.
No palco português da Casa da Música no Porto, aquecido pelos ouvidos aconchegados pela mesma língua, o cantor revelou além de exímia habilidade técnica, que já demonstrava no disco, uma profunda conexão com o público. Uma conexão por vezes política, uma conexão de sentidos, de sensações, de risos e de movimentos. Ela às vezes choca e às vezes encanta. E não seria exatamente isso o que esperamos da música: algo que nos sacuda e que nos embale ao mesmo tempo?
Como eu disse, quem nasce para Caetano está destinado a ser grande.
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