Cadu Tenório fez o disco “Monument for Nothing” como se fosse seu último
Em 2018, Cadu Tenório lançou Corrupted Data, um projeto multimídia que é um álbum duplo, mas também é um site, que por sua vez é um livro. Seu novo disco, o recém-lançado Monument For Nothing, vem no embalo daquele seu antecessor em mais de um aspecto.
Quem explicou isso foi o próprio músico e produtor durante conversa com o Música Pavê. Ambos os álbuns (assim como seus outros lançamentos nesses últimos dois anos) desenvolvem histórias a partir de um mesmo eu-lírico “que ia sendo absorvido pela própria vida digital, pelo seu próprio avatar”, nas palavras de Cadu, “é o mesmo personagem que está ali na capa, o avatar que eu estou usando”.
Inspirado por Lovecraft (um dos mestres do terror fantástico na literatura), o produtor criou uma obra bastante narrativa – construída com timbres que remetem a jogos antigos e filmes de horror – para acompanhar como esse eu-lírico é “absorvido pela paranoia”, em suas próprias palavras. “Eu queria que ele fosse cinematográfico nas transições, queria trazer plot twists e ‘quebrar suas pernas’ na primeira audição”, conta Cadu, que dividiu a obra em três atos (começo, meio e fim), ao mesmo tempo que essa estrutura encontra o formato “álbum” ao se apresentar entre lados A e B.
E é na segunda metade do disco que outro o outro aspecto herdado de Currupted Data se faz presente: A ambição de realizar uma obra de grande estatura. Isso se revela, para além dessa narrativa, pela presença de muitos nomes ilustres da música independente brasileira, todos concentrados no lado-B do disco – gente como Juçara Marçal, Rogério Skylab e Vitor Brauer, entre outros.
“Chamei essas pessoas para estarem comigo nele, porque são pessoas que ajudam a contar a história desses quinze anos de trabalho que eu tenho e duas pessoas com quem eu sempre quis trabalhar, mas ainda não tinha feito nada – Sara Não Tem Nome e Lucindo”, explica Cadu.
“Queria lançar o disco como uma espécie de epitáfio (risos), levando a possibilidade dele ser meu último. Ele é um projeto muito grande e eu não sei se vou conseguir fazer outra coisa desse tamanho, porque é tudo muito incerto”. Ainda nesse assunto, o produtor afirma que “o peso do momento estava gigantesco” durante a finalização da obra, que aconteceu já em plena pandemia. “O disco não é nada soturno, mas uma das tags que as pessoas colocam para minha música é “dark ambient”. Eu nunca tive essa pretensão (risos), mas as pessoas classificam assim”.
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